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João de Brito encena 'A Menina Júlia' de August Strindberg.
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Um show de interpretação, que faz com que um clássico mais do que batido da dramaturgia mundial pareça fresco e novo ao olhar de um público contemporâneo. Assim é ‘A Menina Júlia’, de August Strindberg (1849-1912) revista pelos olhos do encenador João de Brito e pelos corpos e vozes dos atores Helena Caldeira, João Jesus e Rita Brütt. O espetáculo, em cena na Sala Estúdio do Teatro da Trindade, propõe uma noite de excessos de que as personagens nunca recuperarão. O álcool nunca foi bom conselheiro e aquilo que começa como um flirt mais ou menos inocente termina numa noite de sexo que deixa a mulher envergonhada e o homem a acreditar que, a partir daquele momento, é dono e senhor dela. Acresce que a mulher é rica e o homem é pobre – o que faz com que a este drama se junte o conflito entre classes. Ao CM, João de Brito explica que este espetáculo surge na esteira de outras montagens dos clássicos a que a companhia Lama Teatro nos tem habituado, mas que traz este alerta: o reaparecimento dos discursos machistas que pretendem relegar a mulher para uma posição inferior à do homem. “O Strindberg é considerado um autor misógino, mas infelizmente acho que os discursos misóginos estão a voltar. Quando achávamos que determinados assuntos estavam definitivamente arrumados, parece que não, e ouvem-se coisas assustadoras nos nossos dias”, afirma o encenador.
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