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Dia 10: “Dia de romaria”

José e Francisca, pai e filha, escolheram o CM para relatar interrail pela Europa.

07 de agosto de 2015 às 11:21

Francisca Oliveira, 14 anos, e José Oliveira, 49 anos, estão a fazer um interrail pela Europa. E contam tudo no site do Correio da Manhã

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"Um dia é o tempo que temos para "correr" Viena. Como o metro aqui é muito eficaz, compramos um bilhete de um dia.

Fomos diretos para a Stephansplatz, que conhecemos ontem e vai passar a ser o nosso ponto de referência.

Está muito calor. O "bando" de turistas parece que não saiu daqui desde ontem, são os mesmos. Os brasileiros, os indianos, as burcas, os árabes e nós... É difícil descortinar "Vienenses"... Mas os que descobrimos são sóbrios, educados e elegantes.

Encontramos alguns, mais entradotes que vestiam o "tracht", que são aqueles trajes típicos, os calções com peitilho, suspensórios e botas, traje rural e alpino, que achamos muito curioso. Pareciam o avô da Heidi.

Em Viena há muita coisa pertinho uma da outra, o que torna a tarefa do visitante mais fácil. No centro da cidade fomos comer um doce que nos tinham dito ser uma especialidade da cidade, "a torta de Sacher". Fomos ao café com o mesmo nome, Café Sacher, que fica por ali na zona central de Viena. O pai além da dita torta pediu um café. O café veio delicioso, pela reação do pai Zé e pela afirmação de que "é top, do melhor que alguma vez bebi". Já quanto à dita torta, veio-nos uma fatia de bolo de chocolate, que de especial nada tinha.

Durante a manhã andamos por ali entre monumentos e palácios. Pelo almoço comemos umas salchichas numa barraquinha (street food, como agora se diz) que eram excelentes.

O pai pediu-me 1 hora pois precisava de fazer uma "romagem" a um local sagrado, dizia-me, mas não entendi.

"Só um horinha dady, que o tempo é coisa escassa." Fomos de metro e saímos na paragem que dizia Prater. Logo cá fora havia um estádio de futebol, e o pai, que nunca quer fotografias, exigiu uma à porta do estádio e dizia que ali nasceu o dragão. Cumpri o desejo e regressamos à cidade. Na viagem o pai explicou-me que em 1987 tinha havido ali um jogo e tal… Entendi depois a sua satisfação de portista.

No regresso, um sujeito dos seus 60 e tal anos, abordou-nos e quis saber de onde vínhamos. Ficou satisfeito de saber que eramos portugueses e, dizia ele, que era um médico naturista nascido na Venezuela, que estava ali há 30 anos e que nós eramos muito melhores do que aquela gente (referindo-se aos austríacos), dizia que tínhamos coração e também tínhamos uma história bonita e eles só tinham monumentos. Despediu-se com um: "Boa viagem" (em português perfeito).

Até agora não temos tido razão de queixa de ninguém, temos trocado sorrisos, conversinhas e sempre fomos tratados com bom espírito e educação.

Já de regresso ao centro da cidade fomos procurar o Pálacio de Schonbrunn e deitamo-nos na relva do parque a olhar defronte a imponência do edifício. Ajudou a refrescarmo-nos pois "está de ananases"(era assim que o avô Gé, que gostava muito do Eça de Queirós, dizia quando o calor era insuportável). O edifício era impressionante, majestoso, imperial, como tudo em Viena.

Quase sempre a pé, com ligeiras ajudas do metro, andamos ainda pelo Musseumquartier, fomos ao Palácio de Rathaus (antigo palácio que agora serve de sede do governo do Estado de Viena), visitamos a Opera Estatal de Viena, passeamos no Volksgarten, fomos ainda ao Stadtpark, que é o parque da cidade, tem um pequeno lago e um canal que atravessa todo o parque. E muita relva.

Aí há um edifício, o Kursalon, onde ocorrem espectáculos, concertos e onde J. Staruss terá dado o primeiro concerto. Os vienenses e não só aproveitam este grande espaço verde para se estenderem ao sol como se estivessem na praia. Nós fomos na cantiga e copiamos, espreguiçamo-nos na relva o que ajudou mais uma vez a suportar melhor o sol intenso.

Prosseguimos e andamos por momentos ao longo das margens do rio Danubio, de seguida voltamos até Karlspltz. Em Viena estamos sempre a dar de caras com as referências aos grandes músicos, o Mozart, o Beethoven, o Schubert e outros.

Circulando pelas ruas encontramos um FashionTv café e eu pedi ao pai para irmos. Só para ver. Ele bebeu um vinho branco austríaco e eu um sumo.

Durante todo o dia o pai queria provar como o futebol é universal e importante e sempre que via uma oportunidade atacava : "Do you like footbal? And you know F.C. Porto? Sempre a resposta era expansiva e regra geral saía um forte: "Yes, yes, great team". E houve um até que acrescentou: "Off course, every one knows FC Porto". Passou a tarde nisto, sorridente, pois comprovou a sua teoria e o seu orgulho portista esteve nos píncaros.

Já são quase 20h30. Fomos jantar a um sítio cheio de vienenses que assistiam a um jogo de futebol entre uma equipa de Viena e o Ajax. Ganharam, festejaram e nós entramos na festa e batemos palmas.

Comemos uns pratos vienenses, mas a culinária austríaca não foi marcante, mais uma vez. No final, ao pagarmos, e quando já vínhamos embora o pai atirou à queima roupa para o empregado: "Do you known F.C.Porto?"

Regressamos para casa cansados mas felizes.

Até amanhã."

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