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Moro vai ser ‘polícia’ do governo Bolsonaro

Vai ter liberdade para avaliar a conduta dos colegas de governo e sugerir demissões se houver indícios de corrupção.

13 de novembro de 2018 às 10:05

Temido pela rapidez e pelo rigor com que condenou mais de 100 políticos e empresários na operação anti-corrupção Lava Jato, entre eles o ex-presidente Lula da Silva, o juiz Sérgio Moro está disposto a manter a mesma firmeza quando, a partir de janeiro, for ministro da Justiça do presidente eleito Jair Bolsonaro.

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Moro vai ser ‘polícia’ do governo Bolsonaro

E disse em entrevista que está autorizado por Bolsonaro a exercer esse rigor até com outros ministros.

"Eu não assumiria um papel de ministro com risco de comprometer a minha biografia [...]. Isso foi objeto de discussão e afirmação do senhor presidente eleito, de que ninguém seria protegido se surgissem casos de corrupção no governo", afirmou Moro ao programa ‘Fantástico’, da TV Globo.

O magistrado entende que todos os acusados têm direito a defesa na Justiça mas, frisou, no caso de ministros e outras autoridades nomeadas não é preciso esperar o final de um longo processo para se tomar uma decisão. Moro defende que, existindo provas ou indícios concretos, o ministro pode ser demitido de imediato e que será possivelmente ele a fazer essa análise do colega e a sugerir ao presidente a demissão do acusado.

"Eu defendo que, em caso de corrupção, se analisem as provas e se faça um juízo de consistência, porque também existem acusações infundadas [...]. Mas é possível analisar logo a robustez das provas e emitir um juízo de valor. Não é preciso esperar o fim do julgamento", explicou Moro, deixando claro que o presidente não precisa de esperar que o ministro seja constituído arguido para o demitir.

Moro está oficialmente de férias mas já trabalha em Brasília na transição de governo, o que lhe rendeu a abertura de um processo pelo Conselho Nacional de Justiça, por ter começado a exercer atividade política sem ter pedido exoneração da magistratura, algo que ele contesta.

PORMENORES

Quem manda é Bolsonaro

Respondendo a uma pergunta sobre o que aconteceria se um dia divergisse irremediavelmente de uma ordem de Bolsonaro, Moro afirmou que deixaria o governo e teria de se reinventar no setor privado, pois, vincou, quem foi eleito foi o presidente.

Juiz nega irregularidade

Sobre as críticas ao facto de já estar a trabalhar para o futuro governo de Jair Bolsonaro sem se ter desligado da magistratura, Moro afirmou que não está a infringir qualquer regra, pois está de férias e apenas colabora com a transição, não participando em nenhum ato oficial.

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