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“A vergonha não é dela, mas do acusado”: mulher violada por mais de 60 homens em França quis audiência aberta

Marido que a drogava e filmava os abusos é um dos 51 homens julgados.

03 de setembro de 2024 às 16:21

A mulher que foi drogada pelo marido para poder filmá-la enquanto esta era violada por diversos homens, ao longo de 10 anos, em França, quis que o julgamento fosse de porta aberta. O advogado de Gisele Pelicot, Antoine Camus, referiu que o desejo de Gisele é que o caso seja conhecido, para que este tipo de coisas não possa voltar a acontecer. "É uma forma de ela mostrar que é possível recuperar de tal provação. E quer garantir que a vergonha não é dela, mas do acusado", acrescentou Camus, em declarações ao

A vítima deixou-se, inclusive, ser identificada e fotografada, ao lado da filha Caroline Darian, antes do início do processo.

Durante a audiência, alguns dos 51 acusados (não tendo sido possível identificar os restantes violadores), incluindo um jardineiro de 60 anos, referiram que não tinham conhecimento das condições do encontro sexual e que abandonaram a casa da família Pelicot antes de qualquer ato. No entanto, os vídeos existentes das agressões provam o contrário. Ainda não é claro se os vídeos serão exibidos em tribunal.

Além das mazelas psicológicas que agora sente, Gisele também apresentou, ao longo do tempo em que sofreu as violações, perdas de peso e problemas ginecológicos, considerados inexplicáveis pelos médicos na altura, mas que agora se justificam pela droga frequente que ingeria sem saber.

Em França, este é o primeiro caso conhecido de um marido que alegadamente drogou a sua esposa para que outros a atacassem sexualmente – e o primeiro a destacar a prática crescente de utilização de produtos químicos para deixar a vítima inconsciente antes de ser violada.

O caso também dá conta da existência de salas de chat da Internet, como aquela em que Pelicot recrutou os alegados violadores da sua mulher e onde publicou os vídeos - um site agora fechado para voyeurs chamado ‘a son insu’, que se traduz como ‘sem que ele, ou ela, saiba'.

Durante a maior parte do casamento, os Pelicot viveram em Paris, onde geriram um negócio. Mas depois de se reformarem, mudaram-se para esta tranquila aldeia, alugando um chalé pitoresco numa rua tranquila. Foi nesta altura que supostamente ocorreu a maioria das violações, indica o

Exteriormente, Dominique Pelicot era uma figura respeitável que passava os dias a jogar boccia no clube local e a andar de bicicleta. 

Durante o julgamento, no entanto, os especialistas em psicologia que examinaram Dominique Pelicot retrataram uma "personalidade perversa" desprovida de empatia.

O julgamento deverá durar até ao Natal.

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