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Supremo recusa recurso de Lula da Silva e deixa-o mais perto da prisão

Pedido de 'Habeas Corpus' do ex-presidente do Brasil foi rejeitado por 6 votos contra 5.

04 de abril de 2018 às 16:40

O ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, viu esta madrugada o Supremo Tribunal Federal do Brasil rejeitar o pedido de 'habeas corpus' que tinha interposto para evitar a condenação a pena efetiva de prisão, no âmbito do processo em que foi considerado culpado de corrupção e outros crimes.Decorre o julgamento que vai decidir o habeas corpus (pedido de anulação de ordem de prisão por existência de ilegalidades) de Lula. 

Uma maioria de 6 dos 11 juízes do Supremo Tribunal Federal decidiu-se pela recusa de considerar ilegal a ordem de detenção de Lula, mas o político poderá não ser preso de imediato, dado que ainda estão pendentes vários recursos. Aliás, ainda nem sequer é certo que Lula possa ser impedido de se candidatar à presidência do Brasil, mesmo que comece a cumprir a pena de 12 anos a que foi condenado.

O voto decisivo do Supremo foi o da juíza Rosa Weber, uma vez que seria a única cuja posição sobre o caso não era conhecida. A magistrada alinhou com os colegas que não viram qualquer ilegalidade em que a Justiça mande prender Lula antes de estarem decididos todos os recursos. O seu voto permitiu desfazer o empate no Tribunal.

Com este decisão, o juiz Sérgio Moro, que condenou Lula em primeira instância, pode ordenar a detenção do ex-presidente nos próximos dias, mas existem ainda recursos pendentes  - um deles da própria decisão que o Supremo acaba de tomar - que podem adiar a entrada do político na prisão.

Votação durou largas horas

Decorre o julgamento que vai decidir o habeas corpus (pedido de anulação de ordem de prisão por existência de ilegalidades) de Lula. 

O segundo a votar foi Gilmar Mendes. Discordou do relator e concedeu o habeas corpus a Lula da Silva. O julgamento vai ocorrer no Supremo Tribunal Federal, STF, que vai dizer se Lula, condenado por outro tribunal em janeiro a 12 anos e um mês de cadeia, poderá aguardar em liberdade até final da tramitação de todos os recursos a que ainda tem direito, ou se tem de ser preso para começar a cumprir a pena a que foi sentenciado.

Após o intervalo de 30 minutos, teve a palavra Alexandre de Moraes. O juiz votou contra o habeas corpus ao ex-presidente colocando a votação em 2-1 contra Lula.Luís Roberto Barroso, o quarto juiz a declarar a sua posição, votou contra o habeas corpus a Lula.

Rosa Weber, a juiza considerada "indecisa" neste processo pelos media brasileiros, negou o habeas corpus. O ex-presidente do Brasil está cada vez mais perto de poder ser preso.

Segue-se Luiz Fux, que também votou contra o habeas corpus. De um total de 11 juizes, cinco deles já votaram a favor da prisão de Lula, e apenas um contra.

O juiz Dias Toffoli votou ser a favor de a pena de Lula não ser executada até decisão do Supremo. Votação fica em cinco contra Lula e dois a favor do ex-presidente. 

Depois, Ricardo Lewandowski foi a favor do habeas corpus. Decisão fica cinco a três.

Toma a palavra o juiz Marco Aurélio. Vota a favor de ser concedido habeas corpus ao ex-presidente do Brasil.Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux votaram contra o habeas corpusGilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio estão a favor do habeas corpus

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Brasília, a capital federal do Brasil, é uma cidade sitiada desde os primeiros minutos da madrugada desta quarta-feira, à espera do resultado do novo julgamento do ex-presidente Lula da Silva, cujo resultado só deve ser conhecido no final da noite.

O julgamento vai ocorrer no Supremo Tribunal Federal, STF, que vai dizer se Lula, condenado por outro tribunal em janeiro a 12 anos e um mês de cadeia, poderá aguardar em liberdade até final da tramitação de todos os recursos a que ainda tem direito, ou se tem de ser preso para começar a cumprir a pena a que foi sentenciado.

Pouco depois da meia noite, toda a região onde fica o centro de poder (ministérios, Congresso Nacional, palácio presidencial e o Supremo Tribunal) foi interditada ao tráfego de veículos. Pessoas a pé podem passar mas só depois de serem sujeitas a uma rigorosa revista numa das barreiras policiais montadas nas ruas de acesso. Mesmo assim, só podem chegar até ao relvado em frente ao Congresso.

A Praça dos Três Poderes, atrás do Congresso, onde fica a sede do STF, essa está interditada até para transeuntes. As poucas pessoas que poderão acedê-la são funcionários do Supremo Tribunal e da presidência, que fica na mesma praça, e juízes, advogados e convidados ligados ao julgamento, que terá início pouco depois das 14 horas locais (18 horas em Lisboa) e não tem hora para acabar.

Estimando em dezenas de milhares os manifestantes contra e a favor da prisão de Lula da Silva, a polícia montou um forte esquema de segurança na Esplanada dos Ministérios, o gigantesco relvado ladeado pelos órgãos de governo e que termina em frente ao Congresso. Será nesse relvado que apoiantes e adversários de Lula poderão aguardar o desfecho do julgamento, mas separados e monitorados.

Tal como já tinha feito durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, a polícia de Brasília instalou a meio do relvado uma barreira feita com grades e cordões humanos de polícias. Do lado direito, ficarão os adversários de Lula, do lado esquerdo os apoiantes.

Os já tradicionais bonecos insufláveis que representam o antigo governante com roupa de preso, os popularmente chamados "Pixolecos", foram proibidos, para não inflamarem ainda mais os ânimos. Também não serão permitidos objetos que possam ser usados como arma, incluindo guarda-chuvas, paus de bandeiras, latinhas e garrafas.

Nos acessos a Brasília, outras barreiras policiais revistam carros, camiões e autocarros que pretendam entrar na cidade. Dentro de Brasília, outras barreiras controlam o tráfego de veículos e pessoas em pontos estratégicos.

O julgamento do habeas corpus pedido por Lula tentando não ser imediatamente preso, como pretendia o tribunal que o condenou, o Tribunal Regional Federal da 4. Região, TRF-4, começou no passado dia 22 de março, mas a profunda divisão entre os 11 juízes do Supremo Tribunal sobre o assunto fez as discussões alargarem-se para além do tempo normal das sessões e a votação foi adiada para esta quarta-feira. Para não prejudicarem Lula por causa desse adiamento, os juízes concederam-lhe nesse dia um salvo-conduto que impedia a sua prisão até hoje, quando o caso deverá ser decidido em definitivo.

Ontem, terça-feira, milhares de manifestantes foram às ruas em cidades de 24 dos 27 estados brasileiros, exigindo, uns, a prisão imediata do antigo presidente e, outros, que ele fique em liberdade até esgotar todas as possibilidades de recorrer da sentença. Hoje novas manifestações estão previstas em várias regiões do Brasil, e há um temor das autoridades de que, seja qual for a decisão do Supremo Tribunal, grupos pró e contra Lula possam confrontar-se.

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