page view

Espanhol conta como ajudou português ferido no atentado de Londres

Manuel Labrado louva Francisco Lopes. "Impressionou-me que não tenha soltado uma lágrima".

26 de março de 2017 às 13:43

Francisco Lopes, o português que foi atingido pelo carro do terrorista que matou quatro pessoas no atentado de Londres foi ajudado por dois turistas. O jovem de 26 anos contou ao CM que, quando estava deitado no chão um espanhol e um belga vieram ajudá-lo.

"Eles disseram-me para ter calma, para não me mexer até vir a ajuda médica. Ajudaram-me naquele momento", conta Francisco.

Este Domingo, o jornal  El País publica o relato de Manuel Labrado, um dos homens que ajudou Francisco Lopes. E louva a coragem do português.

Num relato na primeira pessoa. Manuel Labrado, que vive em França e estava a fazer turismo em Londres, conta que estava a passear a pé pelos seus locais favoritos na cidade.

"Quando cheguei à estação [do metro de Westminster], subi as escadas e fui tirar uma  foto. (…) Quando ia atravessar a rua, vi algo preto passar a alta velocidade, três pessoas voaram e ouvi um som muito desagradável. Levei alguns segundos a  dar conta do que se passava. O carro já vinha a atropelar gente, mas com o ruído do trânsito e os outros carros eu não o tinha visto".

Foi então  que Manuel avistou Francisco. "Quando o carro se foi, vi um rapaz caído à minha frente. Ele disse: "Ajude-me, por favor", e eu aproximei-me dele. A poucos metros estava  uma rapariga com a cabeça a sangrar. Comecei a conversar com ele e disse-me que era português. Disse-lhe que o tinha visto a dar voltas no ar".

"Acho que fiquei com ele uns 15 ou 20 minutos, embora seja difícil calcular. Tentei dar-lhe coragem. Disse-lhe "Tu és um herói, vais ficar bem". Fiquei impressionado que ele não tenha soltado uma lágrima. Eu chorava, mas ele estava muito calmo. Tinha as pernas arrebentadas, tinha tentado saltar sobre o carro, mas foi atingido numa das pernas. Tinha cortes e sangrava, também tinha ferimentos em uma mão. Ainda tenho manchas de sangue no meu casaco de quando fiquei ao lado dele"

Apesar do terrível momento, os dois homens estabeleceram uma conversa. E até deu para Francisco se apresentar e descobrirem que as vidas de ambos têm pontos em comum. "Ele me disse que se chamava Francisco e que era português. Disse que o pai tinha um bar em Calalberche, perto de Toledo. Eu sou de El Arenal, em Ávila, e passo perto dali quando vou de Madrid à minha cidade".

Cerca de 15 minutos depois, chegou o pessoal de assistência médica. Manuel afastou-se e não  voltou a falar com Francisco. Regressou a Paris no dia seguinte.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8