Proposta tinha sido rejeitada pelo Tribunal de Contas esta quarta-feira à noite.
Veja como vai ser o projeto de 13,5 mil milhões de euros que vai ligar Itália continental à ilha de Sicília
AP
O Governo italiano garantiu esta quinta-feira que vai avançar com o projeto de construção de uma ponte entre a Sicília e a península italiana, rejeitado pelo Tribunal de Contas na quarta-feira à noite.
À saída de uma reunião de emergência do executivo, convocada pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, depois da decisão do Tribunal de Contas, o vice-primeiro-ministro e titular da pasta dos Transportes e Infraestruturas, Matteo Salvini, afirmou-se convicto de que o executivo vai esclarecer, "ponto por ponto", as dúvidas levantadas pelo tribunal, e que as obras "vão começar em fevereiro" próximo.
"Aguardamos as conclusões do Tribunal de Contas, às quais estamos convencidos de que poderemos responder ponto por ponto, com extrema calma. Gostaria de ter começado as obras em novembro. Em vez disso, vamos começar agora em fevereiro", declarou Salvini.
Tanto o ministro dos Transportes, líder do partido de extrema-direita Liga, como a primeira-ministra, líder do partido pós-fascista Irmãos de Itália, criticaram duramente na quarta-feira à noite a decisão do Tribunal de Contas, com Meloni a considerar que se tratou de "mais um ato de invasão de jurisdição sobre as escolhas do Governo e do Parlamento".
"A reforma constitucional do poder judicial e a reforma do Tribunal de Contas, ambas em discussão no Senado e prestes a serem aprovadas, representam a resposta mais adequada a esta intromissão intolerável, que não impedirá a ação do governo, apoiada pelo Parlamento", acrescentou Meloni.
Esta manhã, o Senado aprovou a controversa reforma do poder judicial, que introduz a separação das carreiras da magistratura, no contexto de um crescente confronto institucional entre o Governo de Giorgia Meloni e o poder judicial. A reforma será seguida de um referendo, a ter lugar na primavera de 2026.
Num comentário à reação da primeira-ministra ao 'chumbo' da ponte sobre o estreito de Messina, a líder da oposição, Elly Schlein, do Partido Democrático (PD, centro-esquerda), considerou que, "com as declarações sobre o Tribunal de Contas, Meloni esclareceu o verdadeiro objetivo da reforma constitucional".
Para Schlein, a reforma não é feita para "melhorar a justiça ou melhor servir os italianos, mas sim para dar a este Governo carta branca para se colocar acima da lei e da Constituição".
Na quarta-feira, o Tribunal de Contas de Itália rejeitou os planos do governo para construir uma ponte entre a ilha da Sicília e o sul do país, avaliada em 13,5 mil milhões de euros.
"Os motivos [da rejeição do projeto da ponte do estreito de Messina], atualmente em fase de elaboração, serão publicados juntamente com a resolução definitiva no prazo de 30 dias", indicou o Tribunal de Contas, após uma reunião do Conselho de Segurança do país.
A decisão do Tribunal de Contas não bloqueia o projeto da ponte, mas poderá atrasar a aprovação final, obrigando o Governo a fazer uma nova votação para ultrapassar as objeções do tribunal.
O projeto de ligar o sul da península italiana à ilha da Sicília inclui a construção de uma ponte suspensa de 3,3 quilómetros, o que a tornará a maior do mundo, com duas vias férreas no centro e três faixas de rodagem de cada lado, e ainda 40 quilómetros de ligações rodoviárias e ferroviárias, três novas estações ferroviárias e um centro de negócios na Calábria.
Esta ideia de uma ponte a ligar a Calábria à ilha da Sicília, contestada por muitos em Itália, até porque será realizado apenas com dinheiros públicos, é pensado deste os tempos da Roma antiga, tendo sido já aprovado e cancelado por diversas vezes e por diferentes governos italianos desde 1969.
A ponte sobre o estreito da Messina era também uma ambição do antigo primeiro-ministro e magnata Sílvio Berlusconi, falecido em 2023. Nunca chegou a avançar pelo alto custo do investimento, preocupações ambientais e também receios de infiltração da máfia, particularmente ativa na Sicília e na Calábria, a região do continente com a qual a ilha ficará ligada.
O Governo defende que a ponte será um "acelerador de desenvolvimento", mas muitas são as vozes a insurgirem-se contra este projeto e a alertarem para "o esbanjamento" de dinheiro público tão necessário noutros domínios.
Em maio passado, o maior sindicato da Itália, o CGIL, escreveu à Comissão Europeia a solicitar que rejeitasse a aprovação do plano, e citou "sérias questões técnicas, ambientais, regulatórias e sociais críticas".
Muitos autarcas e especialistas disseram temer que a 'Ndrangheta e a Cosa Nostra, as máfias que dominam a Calábria e a Sicília, respetivamente, e que ao longo dos anos se foram infiltrando na economia legal, sejam as grandes beneficiadas com este projeto milionário.
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