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Homem mantém mulher e filhos em cativeiro durante 17 anos. Irmãos de 22 e 19 anos pareciam ter 8

Polícia encontra supostas crianças, pequenas e esqueléticas, que na verdade são dois adultos, um de 22 e o outro de 19 anos.

30 de julho de 2022 às 16:38

Quando na passada quinta-feira agentes da Polícia Militar do Rio de Janeiro invadiram uma casa modesta na Rua Leonel Rocha, em Guaratiba, extremo oeste daquela cidade brasileira, onde havia denúncia de que mãe e filhos eram mantidos em cativeiro, ficaram chocados com o avançado estado de debilidade das duas crianças que encontraram. O choque transformou-se em sentimento de horror ao saberem minutos depois que as supostas crianças, pequenas e esqueléticas, na verdade são dois adultos, um de 22 e o outro de 19 anos.

Os dois e a mãe foram mantidos presos no casebre por longos 17 anos, numa divisão com chão de cimento grosso, sem qualquer ventilação ou abertura por onde entrasse a claridade e sem qualquer possibilidade de higiene. O homem que os manteve prisioneiros por quase duas décadas, Luiz António Santos Silva, marido da mulher e pai dos dois irmãos, também estava na casa e ao ser detido não esboçou qualquer emoção, muito menos arrependimento, pelo pavoroso crime que cometeu com a família.

Os dois irmãos foram encontrados da mesma forma em que permaneceram pelos últimos 17 anos, sentados no chão no quarto escuro e amarrados. A mãe contou que o marido raramente lhes dava comida, às vezes passava vários dias sem os deixar comer ou beber água, e só lhes dava algum alimento quando desmaiavam.

Além de manter a mulher e os filhos em cativeiro, Luiz António Santos Silva também os agredia violentamente e submetia-os a sessões de tortura para os manter dominados sob o terror. Ele era conhecido pelos vizinhos pela alcunha de "DJ", por ter em casa uma potente aparelhagem de som, que agora se sabe que colocava no volume máximo quando torturava a família, para os gritos das vítimas não serem ouvidos, e deixava alto quando saía, para os vizinhos não ouvirem eventuais pedidos de socorro.

Os dois irmãos não falam, mas os médicos ainda não conseguiram saber se devido a algum problema real ou se devido às brutalidades que sofreram por 17 anos. Eles aparentam físicamente ter oito anos de idade, pois a falta de alimentos e de movimentos não permitiu que se desenvolvessem, e estavam com tanta fome que ao serem libertados pela polícia e receberem bananas dadas por um vizinho, comeram sofregamente a fruta com casca e tudo.

A mãe deles, que era proibida de sair de casa e muitas vezes também ficava amarrada e ameaçada de morte se contasse a situação a alguém, casou com o marido aos 23 anos sem sonhar o calvário que iria enfrentar, ao ser libertada pediu para os polícias fecharem novamente a porta, pois ela não suportava a claridade que vinha da rua e que não via há 17 anos. Todos foram levados para o Hospital Rocha Miranda para serem tratados ao estado agudo de desnutrição e desidratação e a ferimentos por todo o corpo.

Luiz António Santos Silva, que vai enfrentar inúmeras acusações, entre elas cárcere privado, tortura, maus tratos e abandono de pessoa vulnerável, falou muito pouco ao ser preso e limitou-se a dizer que mantinha a família trancada porque os filhos nasceram com problemas, sem especificar no entanto quais. Os vizinhos, que sabiam viver uma família enclausurada no casebre mas não por quê nem em que condições reais, mesmo com o medo que tinham do vizinho já há dois anos tinham denunciado o caso no posto de saúde de Guaratiba e ao Conselho Tutelar de Menores, mas nada fora feito até agora, quando tiveram coragem de fazer uma nova queixa diretamente à polícia.

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