Ossufo Momade afirmou que os resultados representam uma "alteração da vontade de popular".
O líder da Renamo e candidato presidencial Ossufo Momade afirmou esta sexta-feira que o maior partido da oposição moçambicana não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais, que se não foram anulados "não se responsabiliza" por "possíveis eventos".
"A Renamo está ciente da responsabilidade que tem neste país, por isso declaramos, aqui e agora, que não aceitamos os resultados e vamos usar todos os mecanismos internos e internacionais para que estas eleições sejam declaradas inexistentes e seja resposta a justiça eleitoral. Caso contrário, a Renamo não se responsabiliza pelos possíveis eventos pós-eleitorais", anunciou Momade, em Maputo.
"Repito e sublinho: Exigimos a anulação destas fraudulentas eleições em nome da democracia e da vontade do povo", acrescentou, assumindo: "nós somos líderes da oposição".
Ao pronunciar-se pela primeira vez após as eleições gerais de 09 de outubro, no dia seguinte à Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter anunciado os resultados oficiais da votação, que o colocam como terceiro candidato presidencial, entre quatro, e retiram a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) do estatuto de maior partido da oposição -- passou de 60 para 20 deputados -, atrás do Podemos (31 deputados), Ossufo Momade afirmou que os resultados representam uma "alteração da vontade de popular".
"Estas não foram eleições. Foi um crime, um desrespeito e violação flagrante dos direitos fundamentais, como é o caso de enchimento nas urnas, infiltração de atas e editais falsos, manipulação dos resultados eleitorais, discrepâncias numéricas entre os editais distritais e as mesas de votos", disse ainda.
A CNE moçambicana anunciou na quinta-feira a vitória de Daniel Chapo (Frelimo) na eleição a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos, resultados que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.
Instado a comentar se se demite da presidência do partido se os resultados eleitorais forem confirmados pelo Conselho Constitucional, Ossufo Momade garantiu: "Isso nunca vai depender de mim, vai depender dos órgãos do partido".
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos.
Na terceira posição da eleição presidencial ficou Ossufo Momade, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), até agora maior partido da oposição, com 5,81%, seguido de Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático do Moçambique (MDM), com 3,21%.
Insistiu que a Renamo "apoiará o povo na exigência do destino do seu voto", assumindo que as eleições foram "manchadas" pela "ação da polícia", por "boletins de votos em mãos alheias" e pela "introdução de mais boletins de voto nas urnas", responsabilizando a CNE por ter colocado a "integridade" do processo eleitoral "em causa".
"É nosso dever como Renamo defender os princípios da democracia, que são a base da nossa sociedade, e buscar nos pilares da mesma mecanismos para evitar males maiores", apontou Momade.
"Para a Renamo, estas eleições fraudulentas não são apenas uma mancha na nossa história, mas uma traição aos valores que prezamos e dos quais demos a vida para defender, de eleição em eleição", acrescentou, afirmando que a "democracia se sustenta na vontade do povo e essa vontade deve ser respeitada e refletida na urnas".
"Ela não pode ser adulterada por um grupo de cidadãos", acusou, classificando o processo eleitoral de "megafraude".
Sobre a violência "que se desencadeia lá fora", numa alusão ao fortes protestos que se fazem sentir em todo o país, por parte de apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, diz ser "apadrinhada" pelos órgãos eleitorais e pela polícia, "em detrimento de uma população que luta por um direito justo".
Apelando para que "mecanismos de fiscalização e auditoria sejam acionados", para "reposição da verdade eleitoral", o líder da Renamo instou a Procuradoria-Geral da República e o Conselho Constitucional para "que sejam pelo menos uma vez" a "esperança" da democracia moçambicana.
O anúncio dos resultados feito na quinta-feira pela CNE aconteceu no primeiro de dois dias de greve geral e manifestações em todo o país convocadas por Mondlane contra o processo eleitoral deste ano, que está a ser marcado por confrontos entre manifestantes e a polícia nas principais avenidas da capital moçambicana.
Mais de 300 pessoas foram detidas, segundo a polícia, e nas ruas e bairros de Maputo, a capital, era visível esta manhã o rasto dos confrontos com os manifestantes que saíram às ruas queimando pneus e cortando avenidas, com forte resposta policial, com blindados, equipas cinotécnicas, lançamento de gás lacrimogéneo e tiros para o ar.
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