Ministro das Finanças, Fernando Haddad, admitiu na terça-feira a possibilidade de uma conversa entre os dois Presidentes.
O Presidente brasileiro aguarda uma chamada do homólogo norte-americano para discutir as tarifas impostas por Donald Trump, mas com um plano de contingência nas mãos para ser ativado caso as taxas comecem sexta-feira.
Tanto o Palácio do Planalto (Presidência) como o Congresso brasileiro trabalham ativamente nos bastidores num esforço para reforçar o interesse do Brasil numa negociação das tarifas de 50%, que foram anunciadas no dia 09 de julho numa carta de Trump publicada nas redes sociais e endereçada ao Presidente brasileiro, com a justificação (não factual) de fluxo de comércio injusto entre os dois países e pela alegada "caça às bruxas" do sistema judicial brasileiro ao ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.
Na segunda-feira, o vice-Presidente brasileiro e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, realizou uma nova conversa telefónica com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
Segundo a imprensa local, a conversa durou 50 minutos mas o efeito pretendido não resultou: trazer Donald Trump para a mesa das negociações.
Numa tentativa de aproximação, o próprio Lula da Silva afirmou, nesse mesmo dia, que o Brasil quer sentar-se à mesa com os Estados Unidos.
"Tem divergência? Sente numa mesa, coloque a divergência do lado e vamos tentar resolver e não de uma forma abrupta, individual, de tomar a decisão que vai taxar o Brasil em 50%", disse.
O ministro das Finanças, Fernando Haddad, admitiu na terça-feira a possibilidade de uma conversa entre os dois Presidentes, mas advertiu que "tem que haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação".
"Estamos procurando os canais para trazer para a racionalidade. Agora, isso tem que ter um protocolo: você não vai querer que o presidente Lula se comporte como o Bolsonaro se comportava, abanando o rabo e falando 'I love you' e batendo continência", disse, em entrevista à CNN Brasil.
Em paralelo, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, que se encontra em Nova Iorque oficialmente na Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina, já sinalizou que ficará no país até quarta-feira e que quer conversar com as autoridades norte-americanas.
"Nós sinalizámos ao Governo que o ministro estaria disposto a conversar com autoridades" sobre o tema das tarifas", disse à Lusa fonte do Itamaraty.
Na terça-feira, até às 19:45 de Portugal, não houve qualquer contacto por parte dos Estados Unidos, disse à Lusa a mesma fonte.
Também nos Estados Unidos, encontra-se uma delegação de oito senadores brasileiros de vários partidos com a missão de estabelecer diálogos e demonstrar as perdas bilaterais que os países enfrentam.
Foram recebidos pela Câmara Americana de Comércio, por executivos de multinacionais como Cargill, ExxonMobil, Johnson & Johnson e Caterpillar e também por congressistas norte-americanos.
Contudo, há um obstáculo a travar todas estas pretensões brasileiras, numa espécie de Governo sombra oficioso: Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-Presidente brasileiro.
"Eu trabalho para que eles não encontrem diálogo, porque sei que, vindo desse tipo de pessoa, só haverá acordos daquele tipo meio-termo, que não é nem certo, nem errado" disse, em entevista ao SBT News.
Eduardo Bolsonaro encontra-se nos Estados Unidos e é praticamente a única ligação que o Brasil tem, neste momento, com a Casa Branca.
Mas está a trabalhar precisamente para o oposto, tendo já sinalizado que as tarifas estão intimamente ligadas ao processo de Jair Bolsonaro e que estas apenas seriam retiradas caso fosse dada uma amnistia ao seu pai.
"Estamos em guerra. Ou é tudo, ou nada" frisou.
Entretanto, e precavendo-se para o pior, Lula da Silva já recebeu um plano de contingência destinado a apoiar as empresas caso os EUA não adiem a entrada em vigor da nova tarifa, prevista para esta sexta-feira.
O plano foi elaborado pelos Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços das Relações Exteriores e Casa Civil.
"Os cenários possíveis já são de conhecimento do Presidente. Ainda não tomámos nenhuma decisão, porque nem sabemos qual será a decisão dos Estados Unidos no dia 01 [de agosto]. O importante é que o Presidente tem na mão os cenários todos que foram definidos pelos quatro ministérios", disse Haddad, citado pela Agência Brasil.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.