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Pessoas com deficiência trabalham 11 horas diárias por 545 euros no Palácio Real de Madrid

Funcionários denunciam condições de trabalho precárias e abusivas na residência oficial do Rei de Espanha.

27 de setembro de 2019 às 11:22

Mais de 60 trabalhadores, contratados pela empresa Integra, estão a realizar longas jornadas diárias de trabalho como assistentes de sala no Palácio Real de Madrid, em Espanha, num horário que extrapola os seus contratos de trabalho, denuncia o jornal El País.

Os 61 funcionários contratados pela Integra para integrar a equipa do Palácio Real apresentam uma série variada de doenças desde esclerose múltipla, a fibromialgia e a outros tipos de condições e deficiências. Estão espalhados pelas várias zonas do palácio que os turistas visitam.

O seu trabalho enquanto assistentes de sala é garantir que os visitantes não toquem nas exposições ou que tirem fotografias em áreas proibidas do monumento. Geralmente, permanecem de pé o dia todo.

De acordo com a publicação, há funcionários que chegam a fazer 11 horas de trabalho por dia, das 09h00 às 20h00. A empresa argumenta que esta situação se deve ao horário de verão, compensado com o de inverno que conta com menos duas horas.

Susana (nome fictício), de 51 anos, foi umas das várias pessoas contratadas pela Integra para monitorizar as salas do palácio abertas ao público. Começou a trabalhar no dia 1 de julho e foi demitida um mês e meio depois.

Agora, esta mulher faz parte dos 16 trabalhadores que se juntaram para denunciar as condições de trabalho abusivas e precárias, bem como as horas de laboro excessivas na residência oficial do Rei de Espanha.

A mulher que partilhou o seu testemunho no jornal El País, sofreu um enfarte cerebral aos 23 anos, o que lhe causou uma hemiplegia no lado direito do corpo. Tinha acabado de concluir o curso de Jornalismo na Universidade Complutense de Madrid quando a sua vida mudou radicalmente. Garante que ainda assim sente uma enorme vontade de trabalhar. "Tudo o que peço é que nos tratem com dignidade e que os cargos se adaptem às nossas condições", afirmou.

Quando recebeu o primeiro salário, Susana diz ter ficado em choque. Tinha-lhe sido prometido um ordenado de 800 euros, mas ao invés disso, acabou por receber apenas 545. Acabou por ser demitida uns dias depois. Alejandra López, encarregada pelos funcionários do Palácio Real, garante que as condições de trabalho e salariais são expostas de forma clara durante as entrevistas de emprego.

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