Futuro da parceria entre Musk e Washington é atualmente incerto após a sua rutura explosiva com o presidente norte-americano.
Muito mais do que um empresário de sucesso, Elon Musk impôs-se nos últimos anos como um interveniente incontornável no setor espacial, com Washington a confiar-lhe várias missões cruciais neste domínio.
No entanto, o futuro dessa parceria é atualmente incerto após a sua rutura explosiva com o presidente norte-americano, Donald Trump.
Os seus foguetes levam astronautas da NASA ao espaço, são utilizados em missões altamente sensíveis do Pentágono e deveriam em breve desempenhar um papel central no tão esperado regresso dos norte-americanos à Lua.
O confronto verbal entre Trump e Musk
Na quinta-feira, após a rutura sem precedentes entre o presidente norte-americano e o multimilionário, antigos aliados, paira a incerteza quanto ao futuro das parcerias entre o Governo e a empresa espacial de Musk.
Com mensagens furiosas publicadas nas suas respetivas redes sociais, o republicano ameaçou "cancelar os subsídios e contratos governamentais" do chefe da Tesla e da SpaceX, que respondeu dizendo que iria "desativar a sua nave espacial Dragon", usada pela NASA, antes de se retratar algumas horas depois.
Um confronto inédito que destaca a interdependência entre o governo americano e esta empresa privada e levanta várias questões sobre as suas possíveis repercussões, embora, nesta fase, os especialistas considerem improvável uma ruptura definitiva, demasiado prejudicial para ambas as partes.
Tiros no pé
Fundada em 2002, a SpaceX impôs-se em tempo recorde como um interveniente sem igual no setor espacial, tanto em atividades comerciais como governamentais.
Com o seu ritmo de lançamentos sem igual e os seus baixos custos, assinou ao longo dos anos contratos de vários milhares de milhões de dólares com agências federais norte-americanas, para missões científicas e de segurança nacional, nomeadamente para a deteção de mísseis hipersónicos.
"Se retirarmos a SpaceX da equação, haverá uma enorme interrupção nas missões" da NASA e do Pentágono, explicou Clayton Swope, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), à agência noticiosa France-Presse (AFP).
Entre as primeiras consequências figuram o facto de os Estados Unidos e os seus parceiros, incluindo a Agência Espacial Europeia AEE), Japão e Canadá, dependerem da Rússia para o transporte de pessoas de e para a Estação Espacial Internacional (ISS), observa o especialista em questões espaciais e de defesa.
No entanto, "no atual clima geopolítico, isso não seria ideal", salienta Laura Forczyk, analista do setor espacial numa entrevista à AFP.
A cápsula 'Dragon', da SpaceX, é atualmente o único aparelho norte-americano certificado para transportar astronautas, uma vez que a nave rival, a 'Starliner', da Boeing, sofreu atrasos significativos e falhas durante o voo de teste no ano passado.
Uma rutura definitiva com a SpaceX constituiria um "cenário catastrófico" tanto para a Aministração Trump como para Musk, devido às somas astronómicas em jogo, insiste Swope, para quem "todos estão a dar um tiro no próprio pé".
Prejuízo geral
Devido a esses riscos e dependências partilhadas, esses dois especialistas esperam que Trump e Musk "superem as divergências e retomem os negócios".
No entanto, Trump, que elevou a lealdade a um valor absoluto, mostrou nos últimos meses que não hesita em usar todos os meios do governo para atacar instituições e empresas, como fez contra a Universidade de Harvard ou a Apple.
Sinal de um possível início de distanciamento da SpaceX, a NASA anunciou na sexta-feira que pretende avaliar "a possibilidade de um voo da 'Starliner' para a Estação Espacial Internacional no início de 2026".
A espetacular discussão com Trump poderá assim beneficiar os rivais da SpaceX, incluindo a empresa espacial Blue Origin, de outro multimilionário, o fundador da Amazon, Jeff Bezos. Mas também deve, acima de tudo, reacender o debate sobre a dependência de Washington em relação ao setor espacial privado.
"Isso pode levar as pessoas a pensar que talvez não seja sensato depositar tanta confiança" nas empresas, especialmente para essas atividades sensíveis, analisa Clayton Swope.
"Isso prejudica toda a indústria espacial", estima Laura Forczyk, que alerta para um possível recuo nas ambições espaciais do presidente republicano, o que afetaria os planos de longo prazo da NASA, já em crise.
Ameaçada por cortes drásticos no seu orçamento, a agência ainda não tem um administrador, uma vez que o candidato nomeado por Trump, um empresário próximo de Musk, foi afastado no último minuto na semana passada.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.