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Rússia lamenta que AIEA não responsabilize Ucrânia pela situação na central nuclear de Zaporijia

Embaixador russo na ONU acusou Agência de não identificar os ucranianos como autores dos bombardeamentos junto às instalações.

06 de setembro de 2022 às 23:25

O embaixador russo na ONU lamentou esta terça-feira que o relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) não responsabilize a Ucrânia pela autoria dos bombardeamentos junto à central nuclear de Zaporijia.

"Lamentamos que no seu relatório (...) a origem destes bombardeamentos não tenha sido identificada diretamente", afirmou Vasily Nebenzia numa reunião do Conselho de Segurança, em Nova Iorque.

De acordo com o diplomata russo, o documento, apresentado remotamente pelo chefe da AIEA na reunião, é uma "confirmação" de que a "única ameaça" contra a central veio de "bombardeamentos e sabotagem pelas forças armadas ucranianas".

"Entendemos a sua posição (...) mas na situação atual, é importante chamar as coisas pelo seu nome", insistiu Vasily Nebenzia.

Alguns minutos antes, o chefe da AIEA, Rafael Grossi, denunciou, por videoconferência, que a integridade física da central nuclear "continua a ser violada", descrevendo como "inaceitável" o facto de o local ter sido um alvo.

"Estamos a brincar com o fogo", alertou Grossi, indicando que entrará em contacto "muito em breve" com todas as partes para discutir "passos concretos" no sentido da criação da zona segura recomendada no relatório.

A AIEA exigiu esta terça-feira o estabelecimento de uma "zona de segurança" em redor da central nuclear ucraniana de Zaporijia, ocupada pelos russos, para evitar um acidente grave.

"A situação atual é insustentável", escreve o órgão das Nações Unidas no relatório de 52 páginas.

O órgão de fiscalização nuclear da ONU observa também as condições de trabalho "extremamente 'stressantes'" em que os funcionários ucranianos se encontram na central, ocupada pelas tropas russas e desligada da rede elétrica ucraniana desde a tarde de segunda-feira.

A Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente de ataques contra a central, que têm feito recear um desastre nuclear.

Após esforços diplomáticos, uma delegação da AIEA teve acesso na semana passada às instalações e teve a oportunidade de constatar a situação no terreno.

Desde segunda-feira, dois inspetores estão permanentemente na central nuclear ucraniana de Zaporijia, após outros seis especialistas que fizeram inspeções nos últimos dias terem abandonado o local.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou esta terça-feira no seu 195.º dia, 5.718 civis mortos e 8.199 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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