Em 1996 detinham o poder no país. Em 2001, após os ataques do 11 de Setembro, foram derrubados pelas forças lideradas pelos EUA. A partida das tropas norte-americanas motivou a recuperação.
'Ghani viu que a situação estava perdida e não quis esperar': Editor do Mundo no CM explica situação no Afeganistão
Os talibãs, que se encontram este domingo às portas de Cabul e parecem próximos de retomar o poder no Afeganistão, governaram o país de 1996 a 2001, impondo uma interpretação radical da ‘sharia’ (lei islâmica).
Em 1994, o movimento dos talibãs ("estudantes" em língua afegã) aparece no Afeganistão, um país devastado pela guerra contra os soviéticos (1979-1989) e que enfrenta uma luta fratricida entre os ‘mujahidine’ ("combatentes" islâmicos) depois da queda em 1992 do regime comunista em Cabul.
Formados nas madrassas (escolas corânicas) no vizinho Paquistão, onde estes muçulmanos sunitas se refugiaram durante o conflito com os soviéticos, os talibãs têm então como líder o misterioso mullah Mohammad Omar, morto em 2003.
Hoje o movimento é dirigido por Haibatullah Akhundzada, enquanto o mullah Abdul Ghani Baradar, também conhecido como Baradar Akhund e cofundador do grupo, dirige a ala política e é o principal negociador dos talibãs nas conversações em Doha com o governo afegão.
Como a maioria da população afegã, são essencialmente da etnia pashtun, a que tem dominado o país quase continuamente nos últimos dois séculos.
Pashtun ou afegão é também uma das línguas nacionais do Afeganistão a par do dari (persa afegão).
Prometendo restabelecer a ordem e a justiça, os talibãs têm uma ascensão fulgurante no país, com o apoio do Paquistão (onde os pashtuns são uma das maiores etnias) e a aprovação tácita dos Estados Unidos.
Em outubro de 1994, tomam quase sem combates a antiga capital real do Afeganistão, Kandahar (sul).
Com um arsenal militar e um tesouro de guerra, que lhes permite comprar os comandantes locais, encadeiam as conquistas territoriais até Cabul, que tomam a 27 de setembro de 1996.
Destituem o Presidente Burhanuddin Rabbani e executam em público o ex-presidente comunista Najibullah.
O comandante Ahmed Shah Massud, herói da resistência anti-soviétiva, recua para o vale do Panshir, a norte de Cabul, onde organiza a oposição armada aos talibãs. O designado "leão do Panshir", líder da Aliança do Norte, será assassinado pela rede terrorista Al-Qaida a 9 de setembro de 2001.
No poder, os talibãs impõem rigidamente a ‘sharia’, proibindo jogos, música, fotografia, televisão. As mulheres deixam de poder trabalhar e as escolas para raparigas são encerradas.
Mãos de ladrões cortadas, assassinos executados em público, homossexuais esmagados sob uma parede de tijolos, mulheres adúlteras apedrejadas até à morte: as suas punições são denunciadas e a destruição com dinamite dos Budas gigantes de Bamyan (centro), em março de 2001, provoca clamor internacional.
A sede do poder muda para Kandahar, onde o mullah Omar vive reclusivo numa casa construída pelo líder da Al-Qaida, Usama bin Laden.
O território dos talibãs (que controlarão até 90% do Afeganistão) torna-se um santuário para os ‘jihadistas’ do mundo inteiro, que treinam no país, incluindo a Al-Qaida.
Depois dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, realizados pela Al-Qaida, Washington e os seus aliados da NATO lançam a 7 de outubro de 2001 uma vasta operação militar após a recusa do regime talibã de entregar Bin Laden.
A 6 de dezembro, o regime capitula. Os seus líderes fogem juntamente com os da Al-Qaida para o sul e leste do país, mas também para o Paquistão.
Os atentados e as emboscadas contra as forças armadas ocidentais multiplicam-se.
A missão de combate da Força Internacional de Apoio à Segurança (ISAF na sigla em inglês) da NATO, concluída no final de 2014, é substituída pela de formação, aconselhamento e assistência, denominada Apoio Resoluto. As forças de segurança afegãs combatem sozinhas os talibãs e outros grupos insurgentes, com o apoio da Força Aérea norte-americana.
Em julho de 2015, o Paquistão acolhe as primeiras negociações diretas entre Cabul e os talibãs, apoiadas por Washington e Pequim. O diálogo é curto.
Ao mesmo tempo é criado o braço afegão do grupo extremista Estado Islâmico, rival dos talibãs, que reivindica uma série de atentados sangrentos.
Em meados de 2018, os norte-americanos e os talibãs iniciam negociações discretas em Doha, interrompidas várias vezes após ataques dos rebeldes contra tropas dos Estados Unidos no Afeganistão.
A 29 de fevereiro de 2020, Washington assina um acordo histórico com os talibãs, prevendo a retirada dos soldados estrangeiros do Afeganistão em troca de garantias ao nível da segurança e da abertura de negociações entre os rebeldes e o governo em Cabul.
A 8 de julho de 2021, o Presidente norte-americano, Joe Biden, declara que a retirada final das suas forças, iniciado em maio, estará "concluída a 31 de agosto".
Os talibãs, que iniciaram uma ofensiva em maio, logo após o início da retirada dos soldados estrangeiros, chegaram hoje, 15 de agosto, às portas de Cabul, depois de terem assumido o controlo da maior parte do país sem encontrar muito resistência.
O governo afegão prometeu uma transição de poder pacífica.
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