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Um ano depois das cheias em Espanha: Mais de 230 mortos, 17.800 milhões de euros em danos e outros números da tragédia

Inundações ocorreram no dia 29 de outubro de 2024 e deixaram um rasto de destruição.

27 de outubro de 2025 às 11:01

As inundações de 29 de outubro de 2024 em Espanha deixaram 237 mortos, a maioria (229) na região de Valência, onde as autoridades locais calculam danos de 17.300 milhões de euros.

Estes são alguns números do temporal e das inundações no sul e leste de Espanha de há um ano:

237 mortos, mais de 306 mil pessoas afetadas 

Na região autónoma da Comunidade Valenciana, no leste de Espanha, onde o temporal provocou enxurradas e inundações pelo transbordo de pequenos cursos de água que em boa parte do ano estão quase ou totalmente secos, morreram 229 pessoas.

Houve ainda sete mortos numa zona vizinha da região de Castela La Mancha e uma pessoa morreu também na Andaluzia (sul de Espanha) por causa do mesmo temporal, segundo dados oficiais do Governo central e dos executivos regionais.

Em Valência, a região no epicentro da tragédia, o temporal afetou uma área de cerca de 553 quilómetros quadrados e 75 municípios.

As inundações afetaram mais de 306 mil pessoas na região, sendo que nos dias posteriores à catástrofe 117 mil receberam cuidados médicos e 37 mil foram resgatadas de locais inundados ou isolados pelas águas, segundo um relatório do governo autonómico de Valência.

17.800 milhões de euros de danos

Segundo o governo autonómico, as cheias causaram danos de pelo menos 17.800 milhões de euros em habitações, infraestruturas de abastecimento e transporte, parques naturais e zonas protegidas, escolas, centros de saúde, equipamentos sociais e culturais ou 64.100 empresas, entre outros setores.

Sofreram danos 11.242 habitações, calculados em 475 milhões de euros, e perto de 1.500 casas foram declaradas "inabitáveis".

Cerca de 141 mil carros ficaram danificados com as enxurradas, 120 mil dos quais de forma irremediável, obrigando à reposição do parque automóvel de Valência, segundo o Governo central, que criou um programa específico com este objetivo, ao abrigo do qual foram desbloqueados 200 milhões de euros até ao final da semana passada.

A estimativa é que a catástrofe tenha tido um impacto de entre 0,1 e 0,6 pontos percentuais no Produto Interno Bruto de Espanha, segundo diversos estudos.

Pacotes de ajuda históricos da UE e Governo espanhol 

O Governo espanhol aprovou pacotes de ajudas às populações, empresas e municípios num valor de 16.600 milhões de euros e foram já executados mais de 8 mil milhões, segundo dados oficiais atualizados no final da semana passada.

Espanha acionou também o Fundo de Solidariedade da União Europeia (UE) e Bruxelas anunciou em 03 de outubro passado 945 milhões de euros de verbas deste mecanismo para a resposta aos impactos das cheias em Valência.

Trata-se do segundo maior valor da história desbloqueado por Bruxelas desde que o Fundo de Solidariedade foi criado, em 2002, só inferior aos 1.200 milhões destinados a Itália por causa dos terramotos de 2015 e 2016.

Bruxelas autorizou ainda Espanha a reafetar 645 milhões de euros dos fundos de coesão, ascendo assim a cerca de 1.600 milhões as verbas europeias canalizadas para a reconstrução das áreas afetadas.

Anos até reconstrução total

Autarcas e governos estimam que sejam necessários ainda anos para a reconstrução total de todas as infraestruturas.

Vários estudos e relatórios indicam uma retoma e recuperação da atividade económica um ano depois da catástrofe, em números relativos ao consumo, ao gasto de energia ou ao emprego, por exemplo.

O emprego superou mesmo os dados de há um ano na região, depois de 2.876 empresas terem pedido apoio ao Governo para programas de 'lay-off' que abrangeram 33.651 trabalhadores, segundo dados do executivo.

A Câmara de Comércio de Valência revelou recentemente que, um ano depois, 85% das empresas localizadas nas zonas mais afetadas recuperaram a atividade, enquanto 5,8% fecharam definitivamente por causa do temporal e 9,2% por outros motivos, considerando a associação que são números que demonstram "uma clara capacidade de dar a volta à situação".

No caso dos comércios, sete em dez tiveram danos graves ou muito graves e a recuperação está a ser mais lenta, com 70% dos estabelecimentos reabertos neste momento, 10% ainda com obras e 20% fechados e sem atividade, disse a câmara de comércio.

Segundo um estudo divulgado no final de setembro pela universidade EAE, uma escola de negócios com sede em Madrid, a associação de seguradoras de Espanha classificou as cheias de Valência como "a catástrofe com maior destruição económica" jamais documentada na Península Ibérica.

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