Carlos Rodrigues
DiretorPortugal, 2025. Imaginemos a cena. Uma grávida começa com contrações. Os pais ligam para a Saúde 24 a pedir ajuda. A resposta é fria: ‘vá de carro para o hospital’. No 112, a demora é mais longa, e a chamada vai para o atendedor automático em inglês. Num poial ali perto, a senhora encosta-se e começa o trabalho de parto. Lojistas, vizinhos, pessoas que passam, movimentam-se em ânsias de ajudar. Alguém mais pressuroso chama um Uber. Talvez seja a estreia de uma grande ideia para melhorar a ida às urgências, sugere-se já um grupo de trabalho. Só que a grávida já não se consegue mexer, e a inauguração do serviço UBER-SNS fica adiada. Ainda por ali passa a GNR, que também tenta ligar, mas nem à autoridade a linha de emergência respeita. Quando aparece o primeiro socorro, para cúmulo, a ambulância traz um furo. Só à segunda tentativa a coisa acontece, já com a criança neste mundo, ajudada pelos pais, subitamente já avós, ali no meio do passeio. Parece uma caricatura, ou um filme satírico, mas o drama passou-se no Carregado, às portas de Lisboa. Só a denúncia do caso pelo Correio da Manhã evitou que o silêncio caísse sobre tudo isto. Para terminar o rol de inovações, os serviços de apoio do ministério dizem que se tratou de um “erro humano na aplicação do algoritmo de triagem e no encaminhamento”. Seria genial se não fosse tristíssimo, e sobretudo dramático para quem sofre assim as agruras do sistema.
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