Carlos Rodrigues
DiretorHá coisas que ainda nos surpreendem. A notícia, avançada há dias pelo nosso jornalista António Pereira, quase parece uma brincadeira, mas é um agressivo ato hostil. Por esta altura, a maior parte dos leitores já terão ouvido a história, mesmo os que não gostam de futebol. Os árbitros do FC Porto-Sp. Braga foram sujeitos a uma espécie de sessão contínua de um golo que tinham anulado. A tortura psicológica aconteceu no balneário, ao intervalo. Em vez de tranquilidade, os juízes encontraram um massacre audiovisual, reforçado com imagens de um jogo antigo, que envolveu crianças, supostamente com um lance parecido. A parte refinada do esquema é que os televisores e os comandos tinham sido manipulados e ninguém conseguiu mudar de canal, parar com as repetições infernais ou simplesmente desligar os aparelhos. Este bilhete postal não é sobre a polémica que agora vai rolar durante dias, processos disciplinares, castigos, críticas cruzadas entre os clubes da bola, acusações de que afinal Villas-Boas isto ou aquilo, o novo poder igual ao anterior. O que me impressiona é a criatividade do esquema e o profissionalismo da ameaça velada que ficou implícita naquele truque, um verdadeiro regresso ao passado, à era anterior às redes sociais, com pressão sobre o árbitro por meios audiovisuais. Meia dúzia de homens fechados numa sala, onde só entra a televisão, sempre com a mesma imagem. Uma metáfora do mundo de hoje nos fascinantes bastidores do futebol.
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Por Carlos Rodrigues
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