"Montenegro tem chegado e bastado para esta oposição"

Hoje há no nosso Correio da Manhã uma sondagem, um Orçamento aprovado e novas regras para ser português. Isto entre todas as outras notícias. Mas foquemo-nos nesse tripé que defini na primeira frase. As coisas parecem não ter nada a ver umas com as outras, mas na verdade está tudo ligado, como diz sempre o nosso colunista de domingo, o Vítor Bandarra.

Comecemos pelo barómetro da página 23. Há um empate técnico, mas há sobretudo o sintoma de que o eleitorado se mantém preso a um sistema tripartido. É como se se tivesse tornado normal e quotidiano para os eleitores a possibilidade de o Governo ser entregue indistintamente a uma de três forças, a AD, o PS e o Chega. Sorte a do País que tem três saídas, quando muitos não têm uma sequer. Ora, o que se passou ontem no Parlamento mostra como este sintoma tripartido está a enraizar-se na vida coletiva. Foi um dia glorioso para o Governo pisca-pisca, ora vira para a direita e há uma nova Lei da Nacionalidade, ora vira para a esquerda e sai um Orçamento do Estado.

Nesta longa valsa política dançada por quem nos governa, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, é quem pode aparecer à noite, em direto na televisão, qual equilibrista no trapézio, a tranquilizar o País e a garantir que o trabalho está a ser feito. Ventura bem pode dizer que são precisos três Salazares, mas um só Montenegro tem chegado e bastado para esta oposição.