A onda de calor parece ter amainado. Dona Elaine, a governanta deste eremitério de Moledo, fez as suas orações por causa dos incêndios e olha frequentemente para as serranias em volta, tremendo um cataclismo na Serra d’Arga onde, no ano passado, fomos fazer um breve piquenique entre o miradouro e o Santuário da Senhora do Minho. A cerimónia dos piqueniques recorda-me sempre Dona Ester, minha mãe, que periodicamente obrigava o velho Doutor Homem, meu pai, a guiar-nos pelas alturas de Ponte de Lima ou num certo abrigo da praia de Afife, para que pudéssemos banquetear-nos ao ar livre. A Tia Benedita, a matriarca da família, juntou-se a nós algumas vezes, quando visitávamos o Tio Alberto, gastrónomo e bibliófilo de São Pedro de Arcos – que achava que não havia nada mais campestre do que o jardim da sua casa, onde havia menos mosquitos. Esses eram os piqueniques que o velho Doutor Homem, meu pai, mais apreciava, porque podia recolher-se sob o alpendre, a dormitar ou a fumar um charuto ‘Condal n.º 1’, enquanto a família fingia comungar com a Natureza e absorver as respectivas vitaminas.
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Havia na sua índole de céptico um certo exagero, uma questão de estilo, um modo de ser
As dunas de Moledo são ainda um lugar de passeio.
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Não tive de me incomodar com obrigações matrimoniais.
A surdez das velhas gerações é frequentemente subvalorizada.
Com a idade queremos alguns luxos no meio da Natureza.
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