Francisco José Viegas
EscritorHavia nele uma discrição sem tormento. O próprio Redford o confessou: depois de ficar rico, famoso, eleito o quase eterno galã de Holywood, aquela beleza ruiva e aloirada que nunca perdeu elegância nem o bom porte físico, depois de tudo isso – ser cauteloso. “Tomar cautela”, ou seja, estar consciente de que a grande máquina de Hollywood devora tranquilamente, e sem remorso, todas as suas criações. Talvez isso explique uma das suas grandes frases: “Eu era um vizinho de Hollywood.” E talvez explique também a importância de Sundance, o instituto e o festival de cinema que criou perto de Salt Lake City, no Utah – dedicados ao cinema independente, e onde assentaram alicerces as carreiras de realizadores como Jim Jarmusch, os irmãos Coen, Quentin Tarantino ou Steven Soderbergh. Estar à parte, manter a honra das ideias que, na altura, não faziam a primeira página das notícias políticas: parar a construção de uma central termoelétrica em Kaiparowits, Utah, não muito longe do ‘canyon’ onde tinha conseguido impedir a passagem de uma grande autoestrada – o chamado ‘ativismo ambiental’ teve em Redford um antecessor aplicado e discreto, mas poderoso. Tão poderoso que, apoiante de sempre do Partido Democrata (diz-se que, na verdade, foi ele o estratega informal que permitiu a eleição de Jimmy Carter), fez campanha contra decisões dos governos de Biden ou Obama. Redford tinha uma memória antiga da natureza: as viagens para o Texas rural, de onde era natural a sua mãe, de ascendência irlandesa e escocesa. Grandes extensões, florestas, campos cultivados ou montanhas agrestes – o gosto pela natureza evoluiu para uma ideia nova no seu percurso: comprometer-se para pequenas eleições de municípios, causas estratégicas de ecologia e ambiente – e manter-se à margem da “política nacional”. Uma ideia de discrição e de fazer do local uma passagem para o universal.
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