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Paulo João Santos

Paulo João Santos

Jornalista

A vida é um sopro

06 de setembro de 2025 às 00:31

Não recordo o contexto, mas nunca mais esqueci a frase proferida por uma amiga de coração e que me tem acompanhado desde a altura em que a ouvi, como se de um despertador se tratasse: nascemos na fila para a morte, só não sabemos quando chega a nossa vez.

O acidente com o Elevador da Glória é bem ilustrativo deste destino incerto. As conclusões do relatório final sobre as causa do descarrilamento farão luz sobre o que verdadeiramente aconteceu. E as consequências políticas serão julgadas em outubro, quando os lisboetas se deslocarem às urnas para escolher um novo executivo para a cidade.

Mas a maior lição desta tragédia, que vestiu de luto a capital e deixou o País e o mundo em choque, é a enorme fragilidade da vida humana. Segunda-feira, dezasseis pessoas como nós, nem nos sonhos mais sombrios e medonhos imaginariam que naquele dia acordavam pela última vez.

Uns regressavam a casa, para junto das famílias, depois de mais um dia de trabalho; outros experimentavam a sensação única de viajar numa das principais atrações turísticas de Lisboa. De um instante para o outro, tudo acabou, de uma forma brutal, a julgar pelo estado em que ficou o funicular. Desfeito. Nem se percebia bem o que era. Creio que a maioria, ou talvez todos, nem sequer se deram conta do último suspiro. É confrontados com tristezas como esta, a que assistimos num misto de angústia e impotência, que percebemos como a vida é um sopro.

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