Há uns anos, no Governo de Passos Coelho, dois ministros decretaram a prioridade política de combater as fraudes no Serviço Nacional de Saúde. Paulo Macedo, ministro da Saúde, e Paula Teixeira da Cruz, promoveram o diálogo com o Ministério Público, com a Polícia Judiciária, que criaram equipas mistas, e avançaram com um forte programa de certificação de faturas. Essa convergência de vontades e meios, de agentes políticos e judiciais, deu resultados extraordinários. Foram abertas dezenas de processos judiciais, feitas dezenas de acusações e detenções, sobretudo foram recuperadas algumas centenas de milhões de euros que tinham sido desviados para a fraude. Incompreensivelmente, ainda que venha de um segmento do SNS diferente do das cirurgias, essa experiência muito positiva parece longe de ter frutificado. Esse ambiente de cooperação parece ter desaparecido. A forma como o escândalo do dermatologista que ganhou uma fortuna em uns poucos sábados de trabalho extra frutificou, dentro de uma instituição como o Hospital Santa Maria e em todo o sistema, sem reais mecanismos de controlo a funcionar, mostra como o SNS tem sido deixado ao abandono. Mostra a desconexão da gestão hospitalar com o fluxo do dinheiro. Uma vergonha que a todos embaraça e compromete o futuro. Afinal, para que serve a política, se não serve para acabar com esta irresponsabilidade.
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