O último procurador-geral que a elite política escolheu para pôr “ordem na casa” foi Pinto Monteiro. Juiz, Pinto Monteiro foi escolhido por um arranjo entre São Bento e Belém, intermediado por Proença de Carvalho e Dias Loureiro. A coisa foi um desastre. Sem um projeto credível, Monteiro era apenas uma garantia de interlocução segura para alguns. Foram anos trágicos para o Ministério Público, que só a ação de Paula Teixeira da Cruz como ministra da Justiça, de Joana Marques Vidal e de Amadeu Guerra, diretor do DCIAP, permitiram ultrapassar. Domesticar instituições de cima para baixo, controlando as cúpulas, é uma velha tentação política. Correu mal dessa vez, mas está de volta. A ministra da Justiça pode ser alheia a estas lógicas (esperamos que sim), mas devia saber que a ideia de “arrumar a casa”, mesmo em tempos de crise para o MP, tem uma ressonância negativa, comporta mesmo alguma perversidade. Aproveitar a fraqueza de uma procuradora-geral que, na verdade, nem está verdadeiramente em funções, no sentido material da palavra, não lhe fica bem. Muito menos no dia em que ficamos a saber que 16 juízes de instrução despacharam no processo Influencer e que isso afasta, obviamente, qualquer tese de conspiração do MP para derrubar governos.
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