A tentação governamental de associar o debate sobre a segurança à imigração, abraçando a agenda do Chega, está a criar um problema de ‘perceção’, como hoje se diz. Com graves consequências na preparação do Estado para enfrentar fenómenos muito mais complexos. Christian Sainte, histórico diretor da Polícia Judiciária francesa, um maratonista no estudo e investigação do crime organizado, com passagens pelas direções de Marselha e da Córsega, tem vindo a multiplicar as suas intervenções, contrariando a propensão para a discrição, deixando alertas que deveriam ser ouvidos em toda a Europa, particularmente em Portugal e nos países do Sul. Um dos grandes motores de tração do crime organizado, do ataque à ordem pública e a pilares da segurança num Estado de Direito, como a própria polícia, magistraturas, prisões, são as quantidades exorbitantes de dinheiro associadas ao tráfico de droga e ao branqueamento. Os grupos do negócio da distribuição são mais poderosos do que os que da produção, na América do Sul. A economia legal europeia está contaminada pelo dinheiro da droga, há gangs mais poderosos, com mais armas e muitíssimo violentos, que já nem se preocupam com o profissionalismo dos assassinatos de ajustes de contas, promovendo tiroteios na rua, como já vamos vendo por cá. Seria bom, por isso, que o Governo parasse com a demagogia reinante e olhasse com mais rigor para o que aí está, à frente dos olhos de todos.
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