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Paulo João Santos

Paulo João Santos

Jornalista

Um ciclo interminável

22 de junho de 2025 às 00:31

Matam-nos quando vamos buscar comida.” Não fixei o nome desta jovem palestiniana, provavelmente nem lhe perguntaram, mas retive a imagem de duas crianças, em lágrimas, agarradas a um corpo, não sei se da mãe, se do pai, se de um irmão. Tinha sido abatido num centro de distribuição de alimentos, onde todos os dias morrem pessoas famintas, enquanto esperam por migalhas ou um saco de farinha. É este o dia a dia na Faixa de Gaza, um “ciclo interminável de sangue, dor, morte”, como diz o chefe dos Assuntos Humanitários da ONU, que parece não incomodar quem tem poder para acudir a quem não pediu para nascer no inferno. Não é uma questão de esquerda ou direita, de religião, daquilo que cada um pensa que deve ser a solução. É um drama humano, do tamanho do Mundo.

As guerras têm regras e a primeira é proteger a população civil, as crianças, as mulheres, os mais velhos. Tudo o que coloque em causa este princípio é condenável. Como o ataque infame a um hospital em Ramat Gan, nos arredores de Telavive, ou as bombas que massacram a Ucrânia sem piedade.

Mas regressemos a Gaza: o que se pode esperar de um miúdo que se deita e acorda a ouvir explosões? Que anda ao Deus dará a fugir dos tiros, sem saber se aquele é o último dia ou a última hora de vida? Que passa fome, que tem sede? O que se pode esperar dele se tiver a sorte de chegar à idade adulta?

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