Uma investigação do programa ‘Prova dos Factos’, da RTP, mostra, com toda a clareza, um velho vício do Estado e dos atores políticos, neste caso da Câmara Municipal de Lisboa e de Carlos Moedas. Depois de terem garantido “todo o apoio” às vítimas da tragédia do Elevador da Glória e aos seus familiares, passado um mês, o esquecimento, a incúria, a invisibilidade daqueles vai-se impondo. Moedas encheu as televisões a dizer que tinha falado com todas as famílias mas, em dois casos documentados pela RTP, não só não falou como foi apanhado numa grave incorreção. Afinal, falou com quem lhe pediu para ser recebido, coisa muito diferente do alarido mediático inicial. O episódio é grave e mostra um cinismo antigo na forma como alguns atores políticos tratam estes casos. Passada a pressão mediática e política, instala-se o torpor, o laxismo, o jogo de palavras, como o da dita correção. Instala-se o abandono das pessoas, as dificuldades burocráticas, a gestão fria da lei, dos regulamentos, das interpretações jurídicas, relegando tudo para comissões, como a que neste caso acompanha a questão das indemnizações devidas, que ainda nem tomou posse. O baixo nível de exigência cívica que domina entre nós é uma das maiores armas dos políticos incumpridores. Criou um padrão amoral, de alguma indiferença ao sofrimento, que não pode triunfar. Assim saibamos todos cumprir o nosso papel. Neste caso, os media têm-no cumprido inteiramente.
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O baixo nível de exigência cívica é a grande arma dos políticos incumpridores.
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