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Abraço de Menezes a Rio atenua PSD dividido

Rio fez discurso dramático e acusa Montenegro de “irresponsabilidade”.a. Reunião arrasta-se madruga adentro para votar moção de confiança ao líder.

18 de janeiro de 2019 às 02:17

Rui Rio chegou ao conselho nacional extraordinário do PSD, que servia para definir o futuro da atual direção, tranquilo e convicto numa vitória face aos críticos. Na defesa da moção de confiança que apresentou, falando à porta fechada, o presidente social-democrata fez um discurso dramático em que acusou Luís Montenegro de "irresponsabilidade" por fazer "guerrilha" e criar "terramotos políticos".

A surpresa da noite acabou por ser a intervenção de Luís Filipe Menezes, o único ex-presidente que marcou presença: fez várias críticas a Rio e elogios ao repto lançado por Montenegro, mas acabou o discurso a apoiar o antigo rival e sublinhando que "é preciso cerrar fileiras" em torno de Rio. Na pausa para jantar, Menezes acabou por abraçar Rio, deixando-o emocionado.

No discurso aos conselheiros, Rio afirmou aos deputados que continua convicto de que "o PS pode perder as eleições" e que "o que falta fazer só depende do PSD". Frisou que "o partido está a dar um espetáculo de ‘prime time’ a António Costa" e avisou que se o caminho escolhido "for o da instabilidade e do afundamento nas questões internas, é mais do que claro que a derrota será certa e o definhamento do partido será maior" do que o das ultimas autárquicas.

Entre as vozes mais críticas ouviram-se Hugo Soares, Pedro Pinto e Pedro Alves. "Se Rui Rio fizesse discursos contra António Costa como o que fez contra Montenegro, hoje não estávamos aqui", defendeu Hugo Soares. Já Pedro Pinto, da distrital de Lisboa, acusou Rio de não ter condições para enfrentar eleições. "Se não formos hipócritas, todos dizem que estamos pior do que em 2018", atirou também Pedro Alves, de Viseu.

À hora de fecho da edição, eram já claros os sinais de uma batalha jurídica em torno da votação da moção de confiança. Paulo Pinto, presidente da mesa, retomou os trabalhos sem anunciar uma decisão, admitindo colocar os dois requerimentos – o que pedia voto de braço no ar e o que exigia voto secreto assinado por mais de 10% dos conselheiros – a votação. Pedro Pinto admitiu recorrer ao conselho nacional de jurisdição para evitar "a fantochada". José Matos Rosa, o ex- -secretário-geral, pediu à direção de Rio que "não torne isto num ato administrativo". O desfecho da votação era ainda imprevisível.

PORMENORES

Especialidade são contas

À entrada para a reunião, Rui Rio lembrou que a sua especialidade são as contas, numa alusão à votação da moção.

Montenegro por perto

Luís Montenegro ficou a 500 metros do conselho nacional, no escritório de advogados de que é dono. Não pediu para participar e o requerimento de Almeida Henriques não foi admitido.

Observadores

A presença de vários observadores na reunião – muitos deles apoiantes de Rio – gerou críticas e controvérsia.

Luís Campos Ferreira

O ex-deputado Campos Ferreira, que foi apoiante de Rui Rio, disse à CMTV que "Rio está fragilizado" e que "a clarificação esclarece e a paz podre enfraquece".

Em 2003, partido defendeu na lei o voto secreto

A chamada "reforma do sistema político" teve o pontapé de saída com o discurso do 25 de Abril de 2002 do então Presidente Jorge Sampaio. Seguiu-se uma carta dirigida pelo primeiro-ministro Durão Barroso ao Parlamento. A mudança introduziu a obrigatoriedade de as eleições e referendos partidários serem realizados "por sufrágio pessoal e secreto". O PSD foi o principal dinamizador da iniciativa e convenceu o PS a votar ao seu lado, apesar da contestação do PCP.

Bancada ficou a um terço com idas para o Porto

A bancada parlamentar social-democrata ficou ontem reduzida a cerca de um terço dos deputados devido à reunião do Conselho Nacional do partido, realizado no Porto, com início marcado para as 17 horas. Na abertura da sessão do hemiciclo, pelas 15h00, apenas cerca de 30 dos 89 parlamentares do PSD estavam nos respetivos lugares.

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