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"Complementaridade entre meios aéreos e terrestres é a chave": Proteção Civil reage a declarações da ministra

Em causa estão declarações de Maria Lúcia Amaral, que considerou irrelevante o número de meios aéreos de combate a incêndios, sendo que o que está a causar "dificuldade" são condições do terreno.

29 de julho de 2025 às 20:15

O comandante nacional de Proteção Civil explicou esta terça-feira que o êxito do combate aos incêndios depende da complementaridade entre meios aéreos e terrestres e admitiu que nenhum comandante está satisfeito com os meios que tem à disposição.

"Os meios aéreos, em complemento com os meios terrestres, é que são, no fundo, a chave para conseguir e para ter sucesso no combate ao incêndio", disse Mário Silvestre no final do ponto de situação sobre os incêndios esta terça-feira à tarde na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

O responsável respondia a uma pergunta sobre as declarações da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, que esta terça-feira ao início da tarde considerou irrelevante o número de meios aéreos de combate a incêndios, uma vez que o que está a causar "dificuldade aos operacionais" nos fogos em curso são as características do terreno.

"A complexidade das operações e do combate é tal que não ajuda nada estar a saber quantos meios aéreos temos, se faltam muitos, se não faltam muitos. E, de facto, não faltam", disse a ministra.

Perante a pergunta, o comandante nacional da Proteção Civil explicou que é preciso "uma complementaridade de recursos": "Os meios aéreos 'per se' não resolvem incêndios, assim como os meios terrestres precisam da capacidade aérea para poderem progredir no terreno e poderem fazer essas intervenções".

Mário Silvestre acrescentou que, se só houver meios aéreos a trabalhar numa determinada ocorrência, e se não houver capacidade para consolidar com forças no terreno, a probabilidade de haver reativações "é extremamente elevada".

"Portanto, o meio aéreo 'per se' não resolve, permite ter as capacidades, ou permite dar o intervalo de tempo necessário, por exemplo, retardando o incêndio, para que depois as forças terrestres possam atuar", acrescentou.

Questionado ainda sobre os apelos de autarcas das regiões afetadas pelos incêndios para que sejam empregues meios aéreos pesados, o comandante nacional considerou acertado o pedido.

"Faz sentido o pedido de meios aéreos pesados, obviamente que sim, porque são eles que vão dar as condições para que depois as forças terrestres possam entrar dentro do terreno, ou seja, possam na realidade ter capacidade para poder entrar com os meios terrestres e fazer esta extinção", defendeu.

O responsável admitiu que as autoridades trabalham com os meios disponíveis, que nunca são suficientes: "Qualquer comandante, falem em Portugal ou em qualquer parte do mundo, nunca estará satisfeito com os meios que lhe são colocados à disposição, mas estamos habituados a trabalhar com os meios que temos.

Mais de 2.700 operacionais, apoiados por mais de 600 viaturas, combatiam esta terça-feira à tarde 17 incêndios florestais considerados de risco elevado, indicou a ANEPC.

No balanço atualizado esta terça-feira às 19:00, Mário Silvestre, disse que foram assistidas 20 pessoas, incluindo 14 bombeiros.

Um dos incêndios, em Alcanede, atingiu uma pecuária, matando animais.

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