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Traficantes de diamantes, ouro e droga da República Centro-Africana com ‘toupeiras’ em bancos

Rede que tinha um ex-sargento dos Comandos como cabecilha mantinha em duas instituições funcionários que alertaram Paulo Nazaré.

10 de novembro de 2021 às 01:30
Traficantes de diamantes, ouro e droga da República Centro-Africana com ‘toupeiras’ em bancos

Gabaram-se de centenas de milhões nas escutas


Nas escutas telefónicas caíram dezenas de conversas entre os suspeitos, que falam de transferências e negócios de milhões. As autoridades estão a encarar os números - há uma que fala em 500 milhões - com cautela: “Pode haver muita gabarolice.”

Mais dois detidos esta terça-feira

Durante esta terça-feira foram detidos mais dois suspeitos, um deles oficial do Exército, tendo o número total de detidos passado para 12. Para a operação ‘Miríade’, a PJ mobilizou 320 elementos, que cumpriram uma centena de buscas e os mandados de detenção.

Ministério Público faz esta quarta-feira a promoção

Os interrogatórios terminaram esta terça-feira à noite. O juiz Carlos Alexandre marcou para as 09h30 desta quarta-feira a promoção do Ministério Público. Depois irá ponderar as medidas de coação a aplicar aos suspeitos.

Cinco suspeitos falaram ao juiz Carlos Alexandre

Cinco detidos aceitaram responder ao juiz Carlos Alexandre e foram confrontados com as escutas: Luís Chantre (ex-Comando); Fernando Delfino (construtor civil); Emanuel Marques (civil envolvido nas transferências); Artur Amorim (advogado); e Michael Oliveira (ex-Comando e agora PSP). Não falaram o cabecilha da rede, Paulo Nazaré (ex-sargento Comando), Nazhar (GNR e ex-Comando), Franco (civil), Wilkar Almeida (civil), Tiago Gaspar (sargento Comando no ativo e colaborador da rede) e Francisco Manuel (GNR em licença sem vencimento).

Esquema montado por sargento tinha outros clientes de luxo

O esquema de branqueamento de capitais montado pelo ex-sargento Paulo Nazaré, que recorria a dezenas de empresas - entre elas uma igreja evangélica, discotecas e imobiliárias -, com contas bancárias em países como o Dubai e o Brasil, para ‘descontar’ e diluir as criptomoedas através das quais os diamantes eram pagos em Antuérpia, tinha vários outros clientes além dos contrabandistas de pedras preciosas, ouro e droga da RCA. Segundo apurou o CM, há suspeitas, fundamentadas em buscas telefónicas, e que podem resultar na emissão de certidões para investigações autónomas, de que a mesma rede intrincada tenha sido usada para branquear fortunas ilegítimas de diplomatas, angolanos e outras “figuras importantes”, conseguidas por corrupção e fraude fiscal. Nazaré, especialista em lavagem de dinheiro, contava com o apoio de advogados para a montagem das empresas, circuitos e testas de ferro, a quem pagava uma comissão pelo aluguer das contas bancárias, bem como faturas falsas. Um desses advogados, Artur Amorim, foi detido. Mas há outros que estão entre as quase cinco centenas de pessoas constituídas arguidas. A Judiciária chegou a temer que o cabecilha da rede, Paulo Nazaré, pudesse ter fugido do País. Segunda-feira não o encontrou em casa e houve horas de indefinição. Acabou descoberto a passear no Centro Comercial Vasco da Gama, no Parque das Nações, e detido - curiosamente a poucas centenas de metros do Campus de Justiça.

PJ fez buscas em C130 e Força Aérea pôs cães em campo

Em março de 2020, a PJ fez buscas num C130 da Força Aérea que regressava de um voo de sustentação na RCA. Acreditava que poderia transportar diamantes, o que não aconteceu. A Força Aérea tem reforçado o controlo dos voos com cães treinados.

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