Paulo Cardoso diz em tribunal que foi ao Estádio do Dragão depois de ter sido informado de que a mulher e a filha tinham sido agredidas.
'É surreal': Cunhado de 'Orelhas' descreve estado em que encontrou Igor Silva no dia do crime
O cunhado de Marco 'Orelhas' garantiu, esta sexta-feira, que não esteve envolvido nas agressões que levaram à morte de Igor Silva. Paulo Cardoso, que está em prisão preventiva por suspeita de participação no crime, disse em tribunal que tentou socorrer o jovem quando foi ao Estádio do Dragão, no Porto, mas que já nada conseguiu fazer. Revelou continuar "perturbado" com a memória que tem da vítima deitada no chão, de casaco aberto e "toda esfaqueada". "É surreal o que fizeram", apontou. "Eu tentei socorrê-lo [o Igor], mas não consegui!", assegurou.
Arguido chorou em tribunal
Paulo Cardoso, também conhecido por 'Chanfra', prestou declarações sobre o caso, pela primeira vez, no portuense de Tribunal de São João Novo. O arguido emocionou-se durante o depoimento, quando recordou o dia do crime.
"Chanfra' disse que apenas conhecia Igor Silva de vista, mas que tinha conhecimento das desavenças entre o jovem e a família. Na madrugada de 8 de maio, quando os adeptos do FC Porto comemoraram o título, foi para o Estádio do Dragão após ter sido informado de que a mulher e a filha tinham sido vítimas de agressões.
"Não sei o que [Marco e o filho] iam lá fazer. Só estava à procura da minha filha. Que fique claro neste tribunal que eu não conhecia o Igor a não ser de nome", afirmou Paulo.
No local apercebeu-se do aparato e acabou por encontrar Igor no chão, com vários golpes de faca no tronco. Quando se aproximou, afastou a multidão e pediu para chamarem uma ambulância. Naquele momento, dado o pânico, chegou a vomitar, revelou.
"Vi o miúdo de casaco aberto e todo esfaqueado e tentei socorrê-lo", disse. "Ninguém tem o direito de tirar vida a alguém. Mais soco menos soco, mais paulada, menos paulada é uma coisa. Agora isto não. Lamento mesmo muito. É surreal o que fizeram ao rapaz", justificou.
Juíza aponta contradições
A juíza apontou contradições no depoimento do arguido, que em primeiro interrogatório afirmou ter agredido Igor naquela noite. Paulo justificou a declaração, dizendo que foi aconselhado pelo anterior advogado de defesa a dizer isso e que, como não se encontrava bem psicologicamente, acabou por fazer o que lhe tinha sido recomendado.
"Eu também não percebi essa defesa que ele me fez. Eu na altura não estava bem, estava a tomar medicação. Nem sei muito bem o que fui dizer", referiu. A juíza retorquiu e disse: "Senhor Paulo, arranje uma desculpa melhor".
Para a juíza nenhum dos arguidos teve, até ao momento, a coragem de ser honesto sobre o que de facto aconteceu naquela noite.
"Se tivessem a honestidade de chegar aqui e contar uma coisa lógica e coerente até ao fim, mas não. Parece que atentam contra a nossa inteligência", afirmou.
"Não assumem erro"
"Estou a ficar revoltado com isto porque não assumem o erro que fizeram. Não estão a pensar nos meus filhos, nos meus pais. Estão a meter-nos a todos em xeque. Pensei que eles eram meus amigos, mas o Renato não está a ser meu amigo. Peço a este tribunal que por favor não me condene, estou inocente", apelou.
Igor morto com 18 facadas
Esta sexta-feira decorreu a nona sessão do julgamento do homicídio de Igor Silva. O adepto dos azuis e brancos foi assassinado com 18 facadas durante os festejos do título do FC Porto no Estádio do Dragão, em 2022.
Marco 'Orelhas', Renato Gonçalves (filho de Marco), Paulo Cardoso e Diogo 'Xió' encontram-se em prisão preventiva. Há ainda três arguidos em liberdade: Sérgio Machado, Rui Costa e Miguel Pereira.
As alegações finais do processo estão marcadas para dia 21 de março.
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