Descarrilamento do elevador da Glória, sob gestão da empresa municipal Carris, ocorreu no dia 3 setembro e provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos.
O cabo do elevador da Glória, em Lisboa, que não respeitava especificações exigidas, era usado desde 2022, segundo o relatório do preliminar do GPIAAF, que altera a informação inicial de que era utilizado "há cerca de seis anos".
O jornal Expresso noticiou esta sexta-feira que a empresa municipal Carris "deu informação errada à investigação do acidente com o elevador da Glória", fazendo uma análise entre a nota informativa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), divulgada três dias após a tragédia, e o relatório do preliminar do GPIAAF, concluído no prazo de 45 dias e divulgado na segunda-feira.
O descarrilamento do elevador da Glória, sob gestão da empresa municipal Carris, ocorreu no dia 3 setembro e provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
A nota informativa do GPIAAF referia que o tipo de cabo presente neste ascensor era usado "há cerca de seis anos", mas essa informação foi clarificada no relatório do preliminar, com a indicação de que esse tipo de cabo era utilizado desde "dezembro de 2022", acrescentando que o mesmo não respeitava as especificações da Carris, nem estava certificado para uso em transporte de pessoas.
A data inicialmente divulgada quanto ao uso deste tipo cabo apontava para 2019, o que responsabilizava a anterior gestão da Carris, assim como o anterior presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), uma vez que o município é o acionista único desta empresa de transporte público.
Perante a notícia do Expresso, a atual administração da Carris -- sob liderança de Pedro de Brito Bogas, que apresentou a demissão na quarta-feira, renúncia que foi aceite pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD) -- esclareceu esta sexta-feira que "nunca prestou a informação aludida na notícia, desde logo porque na altura se encontrava a apurar a factualidade referente à aquisição do cabo".
"Os referidos dados não constam da vastíssima documentação que a Carris remeteu ao GPIAAF, no âmbito da investigação. O conselho de administração da Carris não foi, até à data, inquirido pelo GPIAAF no âmbito da investigação", indicou a empresa municipal, em comunicado.
A Lusa tentou uma reação por parte do gabinete do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), que remeteu para a Carris.
Em declarações à agência Lusa, a recém-eleita vereadora do PS Alexandra Leitão disse, entretanto, que "prestar informações incorretas ao gabinete que faz a inspeção dos acidentes, seja deliberadamente ou não, é muito grave".
Alexandra Leitão considerou a alteração das datas quanto ao uso deste tipo cabo, passando de 2019 para 2022, é também relevante no plano político, realçando que o primeiro documento do GPIAAF foi divulgado antes das eleições autárquicas de 12 de outubro e "tinha uma data errada, porque, deliberadamente ou não, a Carris prestou essa informação errada".
"Informação errada essa que, também, deliberadamente ou não, obviamente que beneficiou, objetivamente, o na altura candidato Carlos Moedas, que utilizou isso para se desresponsabilizar, como, aliás, tem feito em todo este processo", declarou a socialista, lembrando que o atual e reeleito presidente da Câmara de Lisboa "foi muito rápido e muito lesto a, sem especular, sacudir a água do capote" quando saiu a nota informativa do GPIAAF, com a atribuição da responsabilidade ao anterior mandato municipal 2017-2021, liderado pelo PS.
Falando antes da reação da Carris à notícia do Expresso, Alexandra Leitão adiantou que a vereação do PS na Câmara de Lisboa vai apresentar um requerimento para esclarecer "quem prestou esta informação incorreta" e com base em que documentos: "Se se concluir que as informações foram incorretamente prestadas, se for deliberado, é gravíssimo, é inclusivamente crime. Se não foi deliberado, é na mesma muito grave, muito, muito grave."
Em comunicado, a vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, considerou, por seu turno, que "estas falhas são gravíssimas e revelam uma cultura de opacidade e irresponsabilidade na gestão da Carris e da Câmara Municipal de Lisboa", tendo avançado com um requerimento a exigir "explicações urgentes sobre as informações falsas prestadas pela Carris" ao GPIAAF.
Para o BE, a demissão da atual administração da Carris "é um primeiro passo, mas absolutamente insuficiente face à dimensão do problema".
A este propósito, o PCP lembrou o requerimento apresentado na quarta-feira em reunião extraordinária do executivo municipal a solicitar mais esclarecimentos na sequência do relatório preliminar do GPIAAF, mas que ainda não obteve resposta.
As questões do PCP são sobre as orientações e respetivo calendário para que a Carris cumpra as recomendações do relatório preliminar do GPIAAF e o que se prevê quanto à revisão da relação contratual com a empresa prestadora de serviços de manutenção, assim como qual o ponto de situação da auditoria interna e externa desencadeada pela Carris no âmbito do acidente.
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