Maria Alice, ex-líder da PJ de Setúbal, elencou indícios contra João de Sousa.
Viagens para formações no estrangeiro, carros emprestados e um anel em ouro fabricado por outro arguido. Estes indícios levaram Maria Alice Fernandes, antiga líder da PJ de Setúbal, a afirmar ontem em tribunal que João de Sousa, o inspetor cuja detenção ela liderou, vivia acima das possibilidades do ordenado de polícia e terá recebido "contrapartidas" por alegadamente ajudar uma rede de fraude fiscal, branqueamento de capitais e recetação no negócio do ouro.
A coordenadora superior de investigação criminal, que se aposentou há um ano, testemunhou durante todo o dia no tribunal do Seixal. Explicou que a investigação ao ouro começou com uma denúncia anónima às Finanças e que chegou ao seu subordinado "através de escutas". João de Sousa está acusado de consultar o Sistema Integrado de Investigação Criminal (base de dados) e procurar se os outros 32 arguidos eram investigados. Depois passava as informações a Paulo Martinho, dizendo que era uma contrapartida por este o ajudar e à PJ.
Maria Alice desmentiu-o: "Paulo Martinho nunca colaborou com a PJ". E acusou Sousa de negligenciar várias investigações - entre elas o homicídio de uma idosa em Almada, "que esteve dois anos parado".
"A base de dados não existe para passar informações. Isso é crime", disse a antiga coordenadora. Garantiu nunca se ter sentido "limitada ou parcial" por investigar Sousa, que era "sempre muito crítico, dentro e fora de tudo o que se passava na PJ". Apesar dos indícios, disse não ter sido possível confirmar "entregas de dinheiro".
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