Todos os parques em Palmela estão ocupados e o espaço usado na Base Aérea do Montijo está lotado.
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A Autoeuropa poderá ter de parar a produção já a partir da próxima semana. A fábrica da Volkswagen em Palmela está a esgotar a capacidade de estacionamento de viaturas novas produzidas devido à paralisação dos estivadores do porto de Setúbal.
Ao que apurou o CM, não há alternativa portuária para a exportação daqueles veículos.
"A Autoeuropa tem seis mil veículos carros estacionados e está próximo de esgotar a capacidade", reconheceu ao CM fonte oficial da fábrica, que entretanto terá produzido mais três mil veículos. Para além dos parques na fábrica de Palmela e no porto de Setúbal, a Autoeuropa ocupou praticamente todo o espaço reservado desde agosto na Base Aérea do Montijo.
Para já, continua marcada apenas a paragem habitual entre 24 de dezembro e 4 de janeiro de 2019 mas, até ao final da semana, a administração poderá anunciar mais uma interrupção na produção. Recorde-se que a fábrica investiu mais de 600 milhões de euros na linha de produção para receber o novo modelo da Volkswagen, o T-Roc. Diariamente, ficam prontos cerca de quatro centenas de novos SUV.
A operação no porto de Setúbal está parada desde a semana passada devido ao protesto laboral dos estivadores, impedindo a expedição dos carros produzidos em Palmela. Desde o dia 5 de novembro, Setúbal esperava 66 navios de mercadorias – desde porta-contentores até petroleiros, passando pelos ‘ro ro’, navios que incorporam rampas de acesso, próprios para o transporte de veículos.
A Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (Agepor) está preocupada com os efeitos para o País. "Temos a informação de que o porto já perdeu duas linhas regulares", sublinha ao CM o presidente da Agepor, Belmar da Costa.
O dirigente recorda que o porto de Setúbal "até recebeu linhas que se desviaram do porto de Lisboa precisamente por causa das sucessivas greves na capital. Entretanto, a Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores Portuários veio dizer que o protesto em Setúbal só serve "uma agenda política de alguns dirigentes"
Estivadores são contratados "ao turno" em Setúbal
A esmagadora maioria dos estivadores são "contratados ao turno" para o porto de Setúbal, alguns dos quais há décadas, afirma ao CM o líder do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL), que está a apoiar a paralisação dos trabalhadores. A operação portuária em Setúbal conta com 300 precários e 30 efetivos, concretiza António Mariano.
"A precariedade chega a este nível: um trabalhador acaba um turno, é despedido e de novo contratado para o turno seguinte", explica o líder sindical. Os estivadores já estavam a recusar trabalhar mais do que um turno mas a situação agravou-se na semana passada com a oferta de contratos efetivos apenas a alguns trabalhadores. Desde então, a paragem é total.
Para António Mariano, não há justificação para manter tantos precários. Segundo cálculos do sindicato, a partir de dados de 2016 e 2017, as necessidades permanentes do porto, em períodos normais, são de 93 trabalhadores precários. Assim, o SEAL defende a contratação efetiva de pelo menos 56 trabalhadores, dando preferência aos com maior antiguidade.
DEPOIMENTOS Joaquim Reis, estivador precário há 12 anos: "Não tenho direito a baixa"
"Na passada sexta-feira fui operado e não tenho direito a baixa. Faço descontos todos os meses mas, como sou precário, não tenho esse direito. Estou na luta com os meus colegas e vamos até ao fim. A nossa paralisação prejudica-nos a nós e aos patrões, mas enquanto isto não ficar resolvido não voltamos ao trabalho."
Carla Ribeiro, estivadora precária há 9 anos: "Dependemos de uma sms"
"É muito complicado gerir a nossa vida porque não temos horário. Com uma filha de 5 anos é muito difícil organizar a vida familiar. Nunca sabemos como vai ser o dia de amanhã porque dependemos de uma sms para saber se vamos ou não trabalhar. Com esta paragem o nosso principal objetivo é ter a vida digna a que temos direito."
António Quintans, estivador há 9 anos: "Isto tem de acabar"
"Queremos que sejam retomadas as negociações com o nosso sindicato. Assim que isso acontecer, retomamos o trabalho. Ninguém está a favor desta paralisação, mas vamos até às últimas consequências. Desde 2002 que não entra ninguém para o quadro de efetivos. Esta situação não pode continuar. Isto tem de acabar."
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