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Memorando de major assume encenação em Tancos

Papel deixado a chefe de gabinete de Azeredo Lopes admite denúncia encomendada.

11 de outubro de 2018 às 01:30

O memorando entregue ao chefe de gabinete do ministro da Defesa pelo major Vasco Brazão, inspetor-chefe da PJ Militar - que garante que Azeredo Lopes teve conhecimento do mesmo -, dando conta que a recuperação do arsenal furtado em Tancos foi uma encenação, referirá explicitamente que o esquema foi forjado às escondidas da Polícia Judiciária civil por imposição do informador, que não queria ser perseguido criminalmente.

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Primeiro-ministro diz que ministro da Defesa é um "ativo importante"

O chefe de gabinete, tenente-general Martins Pereira, que saiu do cargo em dezembro passado - um mês após a reunião denunciada por Brazão -, fez ontem saber que por intermédio do seu advogado entregou na tarde de terça-feira "a documentação verdadeira" no Departamento Central de Investigação e Ação Penal.

Assumiu assim o memorando. Na semana passada, Martins Pereira não deu conta de ter recebido qualquer documento, confirmando apenas a reunião com Brazão e Luís Vieira e que "não me foi possível descortinar qualquer facto que indiciasse irregularidade ou indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos".

O CM sabe que o mesmo documento, que o advogado de Vasco Brazão, Ricardo Sá Fernandes, deverá entregar ao Ministério Público no novo interrogatório já requerido pelo major, admite que a chamada de uma cabine telefónica do Montijo dando conta do abandono das armas na Chamusca não foi anónima, pelo contrário.

Estará escrito que foi o próprio Brazão a ordenar a um outro investigador da PJM que a fizesse.

Defesa de Vasco Brazão admite chamar ministro 

Luís Vieira e o informador, João Paulino, são os únicos dos nove detidos em preventiva. Brazão está em domiciliária. O advogado do major disse ontem esperar que o ex- -chefe de gabinete do ministro "honre a verdade e diga a verdade" sobre o memorando.

Sá Fernandes admitiu que poderá requerer a inquirição do ministro da Defesa. Em causa está a operação forjada pela PJM e GNR de Loulé para a recuperação, em outubro de 2017, das armas furtadas de Tancos em junho.

"Um dia haverá de se saber o que cada um sabia desta história"

O líder parlamentar do PSD considerou "muito estranho que um chefe de gabinete não transmita uma informação desta importância" ao ministro da Defesa e confrontou o primeiro-ministro no Parlamento.

"Um dia haveremos de saber o que é que cada um sabia sobre esta história", atirou António Costa, insinuando que Fernando Negrão sabia de factos da investigação.

PORMENORES 

Coronel no local

O memorando admitirá ainda a presença do então diretor-geral da PJM, coronel Luís Vieira, na Chamusca. Era o responsável máximo da PJM e também esteve na reunião com Brazão e Martins Pereira.

Ministro nega

Azeredo Lopes nega ter tido conhecimento do que se passou na reunião e da existência do memorando. Fontes parlamentares e militares acham "estranho" que o chefe de gabinete não o tivesse informado.

WhatsApp

Brazão afirma que Martins Pereira telefonou a Azeredo, à sua frente, através da aplicação WhatsApp do telemóvel. Além de Vieira, Brazão e Paulino (civil), foram detidos outros seis membros da PJM e GNR.

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