Os dois ex-fuzileiros acusados de matar o polícia Fábio Guerra, assassinado à pancada em Lisboa, foram condenados a 17 e 20 anos de cadeia.
Cláudio Coimbra foi condenado a 20 anos e Vadym Hrynko a 17.
O tribunal entende que ficou claro que Fábio Guerra agiu para defender Cláudio Pereira, assim como todos os outros agentes.
Vadym começou por negar que deu um soco a Fábio Guerra, mas após ver as imagens acabou por admitir. Afirmou depois que também agrediu Fábio Guerra com um pontapé.
Já Cláudio Coimbra deu três violentos pontapés em Fábio Guerra. Estas agressões foram mostradas pelas imagens.
Ao ouvir o nome do filho, a mãe de Fábio Guerra fica inconsolável.
Não há provas de que Fábio Guerra se tenha identificado como polícia e o tribunal ficou com dúvidas de que, devido ao barulho, se os arguidos ouviram as identificações.
Na dúvida, o tribunal não provou que os agentes se tenham identificado repetidamente.
Os arguidos afirmaram que pensavam que estavam a ser atacados e que se defenderam. A juíza questionou se se estavam a defender de quem estava "inanimado no chão".
O tribunal entende que imagens tiram a credibilidade à teoria dos arguidos.
O tribunal reconhece que os relatos dos agentes da PSP "têm obviamente muita emoção", mas garante a convicção segura dos factos dados como provados.
O agente Rafael Lopes disse que viu que os arguidos a dar pontapés a alguém no chão. O PSP foi a correr para o local e levantou os braços e informou que era da polícia. Viu o colega João a levar pontapés e a tentar levantar-se.
Rafael Lopes ouviu que Clóvis gritar que era o rei do Montijo.
O depoimento consistente do PSP foi credível para o tribunal.
Vadym admitiu que agrediu Pereira com um murro, para defender Cláudio Coimbra. O murro foi desferido com tal força que Pereira, quase com 1,80 metros, caiu inanimado.
Esta agressão ficou provada pelas imagens.
Cláudio Coimbra deu dois pontapés a Pereira, quando este estava já indefeso.
Um seguranca, Bernardo Graça, ficou depois a proteger Pereira. A juíza garante que foi "uma feliz intervenção". A atitude do segurança provocou fúria a Cláudio Coimbra.
Cláudio Pereira garantiu ao tribunal que foi agredido por duas pessoas sem que "nada o fizesse prever". O tribunal entendeu que a versão de Pereira era credível e que não restam dúvidas de que Cláudio Coimbra deu uma cabeçada a Pereira. No entanto não ficou provado quem o agrediu a murro.
Cláudio Pereira diz que mal viu Cláudio Coimbra lhe deu um murro. Os arguidos relatam o mesmo e as imagens não deixam dúvidas.
O tribunal não deu como provado que os arguidos não tivessem conhecimentos de defesa pessoal, pois considerou que "as forças militares especiais possuem mais força. Estão na primeira linha do embate, são tropa de elite. Era incompreensível que não tivessem conhecimentos de defesa pessoal".
O tribunal entendeu que não ficou provado que Cláudio Coimbra se tivesse envolvido numa discussão com Pereira e o tivesse agredido violentamente na noite trágica, em que Fábio Guerra foi espancado.
Também não ficou comprovado que tivesse sido Vadym a intervir para impedir a reação do Pereira, e lhe tivesse desferido um murro, nem pontapeado quando este estivesse inanimado.
O tribunal não deu como provado que dois agentes da PSP estiveram no jantar, nem que os arguidos tivessem ouvido os agentes tivessem levantado os braços e que eram da polícia.
Não ficou provado que Vadym e Cláudio Coimbra se tenham dirigido a um agente com socos e pontapés.
O tribunal não deu como provado que Vadym tivesse desferido dois pontapés na cabeça de Fábio Guerra.
Também não ficou provado que Cláudio Coimbra tivesse um historial de indiferença e desrespeito pelas autoridades.
A juíza já está sentada e começa a ler o acórdão. Foram pedidas nulidades mas o tribunal entendeu que os arguidos não têm razão.