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PJ suspeita de vida dupla de triatleta assassinado

Corpo encontrado nu, com saco enfiado na cabeça, aponta para crime de natureza sexual.

05 de setembro de 2018 às 01:30

A investigação da Polícia Judiciária acredita que Luís Miguel Grilo, de 50 anos, encontrado morto em Avis, a 134 quilómetros de casa, em Vila Franca de Xira, poderia ter uma vida dupla. As autoridades apontam mesmo para a possível relação extraconjugal como um motivo para o homicídio do triatleta, visto pela última vez às 16h00 de 16 de julho.

O seu corpo, encontrado em avançado estado de decomposição, nu e com um saco na cabeça, a 24 de agosto, em Avis, revela também que pode ter-se tratado de um crime com contornos de vingança de natureza sexual. As autoridades admitem mesmo que a morte tenha decorrido durante um acto sexual.

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Viúva de triatleta assassinado conta tudo à Polícia Judiciária

A linha da investigação da Judiciária é no sentido de ter-se tratado de um crime passional. Todas as pessoas próximas da vítima estão na mira dos inspetores. Esta tese é suportada, também, pelo facto de o corpo do atleta ter sido encontrado numa zona que Luís Miguel Grilo conhecia bem , porque a família da mulher – pais, avó, uma tia e um padrinho – são naturais de Alcôrrego, a cerca de 10 quilómetros do local.

A PJ admite também que o homicida o fizesse de alguma forma para ‘provocar’ a mulher da vítima. Ou também lançar suspeitas sobre o seu comportamento. Certo é que a relação entre os dois já tinha conhecido melhores dias.

As redes sociais mostram isso mesmo, sendo visível que nos últimos meses marido e mulher se tinham afastado. Não havia sequer qualquer foto em comum. O facto de Rosa Grilo também não querer saber pormenores do crime - nem sequer quando foi ouvida na PJ, na última sexta-feira - levantou dúvida à investigação. Que acredita que a mulher estará a esconder algo sobre o relacionamento que mantinha com a vítima.

Situar a hora do desaparecimento é outra prioridade. Para já, a PJ tem um único depoimento - o de Rosa - a dar conta de que Luís saiu de casa às 16h00. Mais ninguém o confirma.

Atleta foi procurado durante um mês   

Família e amigos procuraram o atleta ao longo de mais de um mês em que Luís Miguel Grilo esteve desaparecido. Foram feitas buscas nos percursos feitos pelo triatleta durante os treinos, afixados cartazes nas ruas e estradas e ainda publicados e partilhados muitos apelos nas redes sociais para encontrar o atleta.

"Atropelado ou vítima de roubo que correu mal" 

"Não acredito num crime passional, nunca desconfiei que tivesse outra relação ou que me estejam a tentar incriminar. Acho que o Luís foi vítima de um atropelamento ou de um roubo que correu muito mal", disse a mulher de Luís Miguel Grilo numa entrevista à TVI.

Rosa Grilo referiu ainda que o marido "falou com amigos na tarde em que desapareceu", sem conseguir precisar horas.

Antenas e portagens passadas a pente fino  

Para chegar ao autor do homicídio de Luís Miguel Grilo, a investigação da Polícia Judiciária está também focada na triangulação das antenas de telemóveis de pessoas próximas da vítima. Diligências que possam colocar o homicida do atleta não só em Vila Franca de Xira, nos percursos feitos por Luís Miguel Grilo, quando desapareceu, como também na área onde foi encontrado o corpo na zona de Avis.

Os inspetores têm desde o início da investigação vários números de telefone que agora podem ser detetados nos dois locais. Além disto, também portagens e câmaras de vigilância existentes ao longo desses possíveis caminhos feitos pelo triatleta ou por quem o assassinou estão a ser passadas a pente fino. A Polícia Judiciária acredita que o autor do homicídio pode ser descoberto através deste tipo de diligências, determinantes neste tipo de casos.

Na morte de Luís Miguel Grilo, há vários dados que não batem certo e os depoimentos recolhidos pelos inspetores contém contradições. As autoridades voltam ainda a ouvir as testemunhas mais próximas para serem confrontadas com novos indícios da investigação.

Por isso, na última sexta-feira, a mulher do atleta, Rosa Grilo, foi chamada à PJ para confirmar a versão do que já tinha revelado sobre o dia do desaparecimento de Luís Miguel Grilo. A mulher teve de entregar à PJ objetos pessoais do marido, para serem sujeitos a exames e comparados com vestígios recolhidos.

PORMENORES 

Bicicleta nunca apareceu

A bicicleta do triatleta nunca apareceu e por isso as autoridades apontaram num primeiro momento para a hipótese de acidente, o que levou a intensas buscas na zona onde o triatleta desapareceu.

Telemóvel na estrada

O telemóvel da vítima foi encontrado a poucos quilómetros da casa do atleta, três dias depois do desaparecimento, junto a uma estrada nacional mas sem nenhum sinal de um ataque cometido nesse local.

Tese de roubo afastada

O telemóvel e ainda uma pequena quantia de dinheiro que estava guardada na capa do telemóvel foram recuperados dias após o desaparecimento o que fez com que a PJ afastasse a hipótese de roubo.

Impressões digitais

O corpo em avançado estado de decomposição foi encontrado a 24 de agosto, a 134 quilómetros de casa e só foi identificado três dias depois, através das impressões digitais.

Câmara mostra vulto

Na zona onde o telemóvel foi encontrado, uma câmara de videovigilância captou um vulto a passar, mas não foi possível apurar se se tratava de Luís Miguel Grilo.

Empresa sem problemas

O triatleta era dono de uma empresa de informática e venda de equipamentos, com cerca de 30 empregados e sem problemas. A mulher, Rosa Grilo, vai manter o negócio começado pelo casal.

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