Amêijoa-japonesa, admite um mariscador português que se desloca ocasionalmente à praia do Samouco, "pode render quatro/cinco euros por quilo".
Com sacos de amêijoa às costas com 10/15 quilos, os primeiros apanhadores de amêijoa-japonesa regressam à praia do Samouco quando começa a preia-mar, depois de mais uma jornada de trabalho nas águas do Tejo.
À espera têm alguns compradores para um negócio rápido, de poucos segundos: amêijoas na balança, dinheiro na mão dos mariscadores, que se afastam de imediato, alguns resmungando pelo magro ganho de mais um dia de trabalho.
É terça-feira. Cerca das 10:30, está na praia do Samouco uma patrulha da GNR que abandona o local pouco depois, muito antes da chegada da grande maioria de centenas de mariscadores, que já encetaram a caminhada de regresso à margem esquerda do Tejo, no concelho de Alcochete.
Chegam com sacos carregados da proibida amêijoa-japonesa, alguns fazem negócio de imediato com os compradores que se encontram no local, outros seguem caminho com os sacos às costas, a pé, de bicicleta ou nos automóveis que deixaram estacionados junto à praia.
A amêijoa-japonesa, admite um mariscador português que se desloca ocasionalmente à praia do Samouco, "pode render quatro/cinco euros por quilo", mas neste dia não consegue melhor do que "três euros por quilograma".
"Levo trinta euros, mas podia ter rendido 50", lamenta um outro mariscador, um dos muitos que foram abordados pela agência Lusa, mas que se escusaram a prestar declarações, uns pela barreira da língua, outros pelo desconforto que evidenciaram só pela presença da comunicação social.
"Vêm aqui só para estragar o negócio", acusa um vendedor ambulante que também aguarda pela chegada de uma imensa coluna de gente que já se avista ao longe, em grande parte constituída por imigrantes de origem asiática, deixando claro que a presença de jornalistas não agrada nem aos mariscadores nem aos vendedores.
Outro vendedor ambulante, que também recusa identificar-se, diz, no entanto, que muitos imigrantes que andam na apanha da amêijoa "fugiram da agricultura, onde trabalhavam muito mais e ganhavam menos".
"Há muita gente que anda aqui a ganhar o seu sustento. É melhor do que andarem por aí a roubar. E se lhes tirarem isto, alguns podem ir mesmo roubar", frisa.
A apanha de amêijoa-japonesa no estuário do Tejo é proibida, mas os mariscadores não parecem ter dificuldade em vender aos poucos compradores que ali se deslocam. Outros seguem viagem sem parar, dando a entender que o produto do seu trabalho tem outros destinatários que não os compradores que se deslocam à praia do Samouco, no distrito de Setúbal.
Na segunda-feira, dia 10, um total de três redes internacionais de captura ilegal de amêijoa no rio Tejo foram desmanteladas numa operação da Polícia Marítima no Barreiro e em Almada, também no distrito de Setúbal.
Segundo a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, foram detidos dois arguidos indiciados por crimes de falsificação de documento, circulação de contrabando, auxílio à imigração ilegal, fraude fiscal qualificada e associação criminosa.
Os detidos "delinearam um plano para, de forma organizada, estruturada e concertada, venderem em Espanha, França e Itália amêijoa capturada no rio Tejo, dando a indicação de a mesma ter sido capturada no rio Sado, visando a obtenção de elevados lucros". Há ainda outros arguidos no processo.
Numa outra operação realizada na terça-feira, a cargo da GNR, foi desmantelada uma rede criminosa de comércio de bivalves capturados no Tejo. Cinco pessoas foram detidas, tendo ficado sob termo de identidade e residência, suspensão de qualquer atividade de âmbito marítimo e obrigação de apresentações periódicas às autoridades.
Os cinco arguidos estão indiciados pela prática de crimes de fraude fiscal qualificada, falsificação de documento, associação criminosa, branqueamento e ainda de um crime contra a genuinidade, qualidade e composição de géneros alimentares.
Na sexta-feira, a GNR apreendeu na Moita mais de duas toneladas de amêijoa-japónica, com um valor presumível de quase 21 mil euros. O condutor da viatura onde os bivalves foram detetados foi identificado e foi elabora um auto de contraordenação, em que a coima pode ascender a 3.740 euros.
Como é habitual nos seus comunicados, a força de segurança lembrou que a captura e expedição deste tipo de bivalves sem a sua sujeição a depuração pode colocar em causa a saúde pública, devido à possível contaminação com toxinas aquando do consumo.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.