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Aprovada proposta do PCP para criação do Laboratório Nacional do Medicamento

Comunistas defendem que medida "permite ao Estado deixar de estar refém da indústria farmacêutica".

04 de fevereiro de 2020 às 23:03

O parlamento aprovou esta terça-feira a proposta do PCP para a criação do Laboratório Nacional do Medicamento (LNM), o que, defendem os comunistas, "permite ao Estado deixar de estar refém da indústria farmacêutica".

No âmbito das votações das propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), a proposta foi aprovada pelo PCP, PS e Bloco de Esquerda. PAN, CDS-PP e Chega abstiveram-se, enquanto o PSD e a Iniciativa Liberal votaram contra.

"A criação do Laboratório Nacional do Medicamento permite ao Estado deixar de estar refém da indústria farmacêutica. É uma medida que visa salvaguardar a independência e a soberania do Estado no sector do medicamento e a concretização de uma política do medicamento centrada nos interesses públicos e dos utentes", defende o PCP na proposta de alteração.

Segundo a proposta do PCP, o novo LNM "insere-se na orgânica do Exército" e "a definição das orientações estratégicas e a fixação de objetivos para o LNM, bem como o acompanhamento da sua execução, são articulados entre os membros do Governo responsáveis pelas áreas da Saúde e da Defesa Nacional, em cooperação com o membro do Governo responsável pela Ciência".

Ao LNM será aplicado o mesmo regime jurídico dos laboratórios do Estado e terá a "missão de contribuir para o desenvolvimento da investigação e produção de medicamento, dispositivos médicos e outros produtos de saúde, diminuindo a dependência do país em face da indústria farmacêutica e afirmando a soberania nacional nessa área".

O laboratório tem a "missão específica" de apoio às Forças Armadas e na área assistencial o apoio farmacêutico a militares e deficientes das Forças Armadas.

"O LNM sucede ao Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF) em todos os seus direitos e obrigações", lê-se na proposta.

Na nota explicativa da proposta de alteração ao OE2020, o PCP defende que "a posição predominante de que goza a indústria farmacêutica, sobretudo as empresas multinacionais, permite-lhe impor as suas condições e preços, para salvaguardar os seus lucros, ficando o país remetido para uma posição de subserviência e de dependência de estratégias comerciais".

"Só uma intervenção pública no setor do medicamento salvaguarda o interesse público e a soberania nacional. Neste sentido, o PCP propõe a criação do Laboratório Nacional do Medicamento, com vista à promoção da investigação e do conhecimento científico e à produção de medicamentos, assegurando o seu enquadramento na esfera pública", acrescenta.

Os comunistas referem ainda que a ideia não é extinguir o atual Laboratório Militar, sublinhando o papel desta instituição na produção de medicamentos para o Serviço Nacional de Saúde SNS, sobretudo aqueles que deixaram de ter interesse económico para as farmacêuticas, mas que continuam a ser necessários a tratamentos.

"Trata-se de manter e valorizar a rica experiência do Laboratório Militar, aumentando os recursos que lhe estão afetos, e criando condições materiais e institucionais para que possa alargar a sua atividade, correspondendo não apenas às necessidades das Forças Armadas, mas a outras necessidades, por via da sua conexão com as políticas da Saúde e do Medicamento", lê-se no documento.

O parlamento aprovou ainda uma outra proposta do PCP que prevê o reforço dos profissionais de saúde nas Unidades de Intervenção Local em Comportamentos Aditivos e Dependências, que determina que a identificação das necessidades destes profissionais seja feita num prazo de 60 dias.

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