A investigação permitiu "estabelecer uma relação entre a depressão e as alterações imunológicas".
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Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, que envolveu 300 mulheres com lúpus, artrite reumatóide e depressão, concluiu que a depressão é "seis vez mais frequente" em doentes que apresentam alterações imunológicas, revelou esta quarta-feira a responsável.
"As nossas conclusões apontam dois fatores que explicam esta incidência elevadíssima. Uma é a própria doença que implica imensa dor, fadiga e tem um grande impacto na vida profissional destas mulheres e, outra, são as alterações do sistema imune", afirmou, em declarações à Lusa, Margarida Figueiredo Braga, investigadora responsável pelo estudo.
A investigação, que ao longo de dois anos acompanhou 300 pacientes com lúpus, artrite reumatóide e sintomas depressivos do Centro Hospitalar de São João, no Porto, permitiu "estabelecer uma relação entre a depressão e as alterações imunológicas".
"O seguimento prolongado das doentes permitiu clarificar este relacionamento", frisou a investigadora, adiantando que algumas moléculas do sistema imune "sinalizam" ao sistema nervoso central "processos que estão diretamente relacionados com os neurotransmissores", nomeadamente com a serotonina, um dos neurotransmissores responsáveis pelo surgimento de sintomas depressivos.
De acordo com Margarida Figueiredo Braga, o estudo, que tinha como propósito perceber se eram as alterações do sistema imunitário ou o 'peso' da doença que originavam a depressão, observou diferenças "significativas" entre as doentes com lúpus e as doentes com artrite reumatóide.
"As doentes com lúpus têm, do ponto de vista depressivo, um maior risco do que as doentes com artrite reumatóide", referiu, acrescentando que fatores clínicos como a fadiga, dor e ansiedade são "mais intensos e perigosos" em doentes com lúpus.
"Todo o peso clínico da doença tem uma relevância maior para a ocorrência de depressão", frisou.
Além dos fatores inerentes ao desenvolvimento da depressão, os investigadores encontraram também "sinais" que foram identificados pelas doentes como "protetores".
"A existência de uma relação conjugal que, do ponto de vista da doente, é satisfatória é um fator protetor. Assim como o suporte social em geral, que é um protetor para a depressão e que nesta situação específica é bastante relevante", apontou.
Margarida Figueiredo Braga afirmou ainda que um dos resultados que "mais surpreendeu" a equipa, no que diz respeito à artrite reumatóide, foi a deteção de um fármaco que tinha "um efeito inverso em relação à depressão" e que, consequentemente, originava uma "taxa de depressão mais baixa" nas doentes que o utilizavam.
No decorrer deste estudo, a investigadora revelou também que a equipa, composta por dois imunologistas americanos, reumatologistas do Centro Hospitalar de São João e dois psicólogos, está neste momento a avaliar 30 doentes com lúpus juvenil para compreender o impacto que os "acontecimentos traumáticos precoces" têm no desencadear da depressão.
"Queremos que estes resultados tenham impacto no bem-estar dos doentes, mas também que esta abordagem sensibilize os clínicos", concluiu.
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