Laqueações diminuem e vasectomias quase triplicam. Homens estão mais recetivos a realizar o procedimento.
Durante muitos anos, a vasectomia foi um tema envolto em tabu e a contraceção masculina parecia resumir-se ao preservativo, enquanto que as opções definitivas recaíam quase exclusivamente sobre as mulheres, através das laqueações. Desde 2014, as vasectomias quase triplicaram e as laqueações diminuíram para um quarto, de acordo com o Diário de Notícias.
O médico urologista Pedro Nogueira da Silva explica ao Correio da Manhã que a vasectomia “é um procedimento extremamente simples” e que à medida que a informação se democratiza e os casais procuram soluções mais seguras e práticas, a vasectomia ganha destaque e aumenta significativamente em Portugal, tal como tem acontecido.
A cirurgia realiza-se geralmente “em cerca de 20 minutos” e em regime de ambulatório, ou seja, o paciente não precisa de ficar internado no hospital. A técnica consiste em cortar os ductos deferentes – os canais que transportam os espermatozoides dos testículos para o ejaculado. Através de pequenas incisões na bolsa escrotal, o cirurgião acede aos deferentes, secciona-os e procede ao seu encerramento.
De acordo com o especialista, trata-se de um procedimento minimamente invasivo e indolor, uma vez que é feito sob anestesia local, com “recuperação praticamente imediata”, permitindo ao paciente retomar uma vida normal no dia seguinte, salvo algum desconforto localizado que pode adiar atividades mais intensas por razões de conforto próprio.
Uma das maiores fontes de receio, e mito, entre homens prende-se com as possíveis consequências para a sexualidade. O médico é claro: a vasectomia não interfere com a ereção; o volume do ejaculado mantém-se igual, com a única diferença de que, após o período de adaptação, deixa de conter espermatozoides. Ou seja, a experiência sexual não se altera.
Pedro da Silva frisa que após a cirurgia, o organismo não “esvazia” imediatamente os espermatozoides já armazenados. Durante cerca de dois a três meses, é obrigatório manter os métodos contracetivos habituais. Só depois de um espermograma de controlo, que confirme a ausência de espermatozoides no ejaculado, é que a contraceção pode ser considerada eficaz.
Segundo o médico, “há uns anos a vasectomia era considerada um procedimento irreversível”, mas, atualmente a reversão é possível, embora tecnicamente exigente e com taxas de falência significativas. A recanalização é realizada com microscópio e pode não ser eficaz, dependendo de fatores como o tempo passado desde a vasectomia e a forma como os deferentes foram originalmente tratados.
Mesmo nos casos em que a reversão falha, existe a possibilidade de recorrer a técnicas de fertilização in vitro através da colheita de espermatozoides diretamente do testículo, garantindo alternativas para quem volte a desejar ter filhos no futuro.
É possível congelar esperma antes da vasectomia mas, segundo o especialista, raramente acontece, pois “a maioria dos homens só opta pelo procedimento quando tem uma decisão segura de não querer mais filhos”. A criopreservação torna-se relevante apenas em cenários muito particulares.
O médico deixa o alerta de que a vasectomia não protege contra infeções sexualmente transmissíveis (ISTs), a sua função é exclusivamente contracetiva. Para homens com múltiplos parceiros ou risco acrescido, o preservativo continua indispensável.
O procedimento pode ser realizado através do SNS de forma gratuita. No setor privado o valor “ronda os mil, mil e quinhentos euros”. Pedro da Silva acrescenta que as seguradoras “não cobrem o procedimento, argumentando, de forma incompreensível, que se trata de um procedimento estético”. No entanto, existem subsistemas públicos como a ADSE que costumam comparticipar a intervenção.
Homens cada vez mais novos, frequentemente com dois ou três filhos, procuram uma solução definitiva, segura e com impacto mínimo na vida quotidiana. A normalização do tema tem contribuído para este crescimento do número de processos realizados.
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