Homem de 53 anos sofreu um enfarte agudo do miocárdio e "poderia ter sobrevivido", declarou a IGAS.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) confirmou pelo menos uma morte por atraso no socorro relacionado com a greve dos técnicos do INEM, no final do ano passado.
O homem de 53 anos, e que residia no concelho de Pombal, sofreu um enfarte agudo do miocárdio e "poderia ter sobrevivido se tivesse havido socorro num tempo mínimo e razoável", declarou a inspeção citada pelo jornal Expresso.
"Concluiu-se que a morte do utente poderia ter sido evitada caso tivesse havido um socorro, num tempo mínimo e razoável, que tornasse possível a evacuação da vítima através de uma Via Verde Coronária para um dos hospitais mais próximos, onde poderia ser submetido a angioplastia coronária numa das respetivas Unidades Hemodinâmicas", adiantou a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) num comunicado, esta quarta-feira, divulgado.
Dados divulgados num relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde adiantam que mais de metade das mais de 7 mil chamadas feitas para o INEM a 4 de novembro de 2024, o dia da greve de técnicos, foram abandonadas. Os dados permitiram ainda concluir que, potencialmente, foram abandonadas 467 chamadas correspondentes a situações de prioridade máxima, com vítimas cujo socorro implicava meios altamente diferenciados, adiantou a agência Lusa.
O relatório refere ainda que os serviços mínimos para as greves marcadas para 31 de outubro e 4 de novembro de 2024 não foram contestados nem negociados pelo INEM junto dos sindicatos. Isto porque o instituto não recebeu atempadamente os respetivos pré-avisos de greve.
A inspeção foi solicitada pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
Foi também remetido ao INEM, para que o conselho diretivo decida sobre a instauração de um procedimento disciplinar a uma técnica de emergência pré-hospitalar (TEPH), por haver indícios da prática de conduta infratória na prestação de socorro à vítima, mas também sobre a manutenção da prestação de serviços a um médico, pela "gravidade dos factos praticados na prestação de socorro à vítima", e sobre as alterações que considere necessárias ao funcionamento do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM).
As conclusões seguiram ainda para a cônjuge da vítima e para o gabinete da ministra da Saúde, para conhecimento, assim como para a Unidade Local de Saúde da Região de Leiria.
Um dos inquéritos arquivados pretendeu apurar eventuais atrasos no atendimento realizado pelos CODU a uma idosa, de 86 anos, residente no concelho de Castelo de Vide.
Neste caso, a IGAS concluiu que, apesar do tempo decorrido entre o contacto telefónico com a Linha 112 e a chegada do socorro diferenciado ao local ter totalizado uma hora e 19 minutos, a morte da utente deveu-se a "extenso acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, situação de muito mau prognóstico, independentemente do tempo levado a iniciar manobras de reanimação".
O outro arquivamento, já noticiado pela Lusa em 12 de junho, refere-se a um homem em paragem cardiorrespiratória que morreu em Vila Real de Santo António, depois de concluir que, em face das perícias médicas realizadas, que a "situação da vítima era irreversível e o desfecho fatal inevitável".
Em 12 de novembro de 2024, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, anunciou que o INEM passaria a estar na sua dependência direta, alegando que o instituto assumia uma "prioridade enorme" devido ao alarme social que se verificou nessa altura e a necessidade de devolver a confiança à população no sistema de emergência pré-hospitalar.
Nessa altura, Ana Paula Martins afirmou, no parlamento, que assumiria a responsabilidade pelas consequências dos atrasos no atendimento de chamadas do INEM, comprometendo-se a tomar as medidas necessárias para refundar o instituto.
"Não tenham dúvidas de que, enquanto ministra da Saúde, assumo total responsabilidade pelo que correu menos bem e comprometo-me, em nome do Governo, a executar as medidas necessários para a refundação do INEM", disse.
A falta de recursos no INEM, incluindo de técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH), tem sido recorrente nos últimos anos, mas ficou mais evidente durante a greve no final de 2024.
O conselho diretivo do INEM foi obrigado a implementar várias medidas de contingência para melhorar o funcionamento dos seus CODU, como a criação de um fluxo de triagem para chamadas com tempo de espera superior a três minutos, a integração de enfermeiros nos CODU e a revisão dos procedimentos de passagem de dados às equipas no terreno.
A notícia das conclusões foi avançada pelo Expresso e confirmada por um comunicado da IGAS enviado à Lusa.
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