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Infeções dentárias que não são tratadas criam maior risco de parto prematuro

Substâncias inflamatórias na circulação originam contrações uterinas.

07 de julho de 2019 às 10:07

As infeções dentárias que não são tratadas estão associadas a uma maior incidência de parto prematuro. Deve assim haver especial cuidado no tratamento precoce das cáries durante a gravidez.

"As substâncias inflamatórias que estão na circulação sanguínea desencadeiam contrações uterinas, algo que acontece também nas infeções de outra natureza. Quando há tratamentos dentários mais agressivos, como a extração de dentes do siso, estes devem ser feitos no segundo trimestre da gravidez porque aí é mais seguro tomar a medicação", defende Diogo Ayres Campos, diretor do departamento de Obstetrícia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

As malformações do feto decorrentes de alguns medicamentos estão, regra geral, associadas à toma durante os primeiros três meses da gravidez. Por exemplo, a varfarina - usada para impedir a coagulação do sangue - pode provocar alterações da face.

"Há medicamentos comprovadamente desaconselhados e há aqueles mais recentes que são uma incerteza. Se for absolutamente necessário, a mulher não pode deixar de os tomar porque pode colocar a vida em risco.

No entanto, se houver uma alternativa mais segura ou a possibilidade de adiar esse medicamento, então é preferível", afirma o médico. Ainda assim, há medicamentos que são seguros durante a gravidez: é o caso do ácido fólico e da maior parte das vitaminas, exceto a A.

Atum e tamboril limitam o neurodesenvolvimento

"As grávidas não devem comer por dois. É preciso ter cuidado com a ingestão calórica", alerta o obstetra Diogo Ayres Campos. E têm de evitar alimentos que possam provocar infeções, como é o caso da toxoplasmose. Para isso, não é recomendável que comam carne mal passada.

O atum, o espadarte e o tamboril não devem ser ingeridos em grandes quantidades devido à elevada concentração de mercúrio, que está associado a limitações do neurodesenvolvimento do feto.

O consumo de café e de chás deve ser limitado, porque a ingestão destes líquidos está relacionada com o maior risco de aborto e de baixo peso do bebé. "Não se deve tomar mais do que três cafés por dia na gravidez", recomenda o médico.

As malformações associadas à vitamina A são graves e acontecem sobretudo quando é ingerida no início da gestação. Esta vitamina é encontrada no fígado e derivados.

Durante a gravidez não beba bebidas alcoólicas, nem sequer ocasionalmente, porque podem provocar malformações e atraso mental.

"Parei a medicação para a asma"

"Na minha primeira gravidez, fui aconselhada a parar a medicação para a asma. No entanto, os meus problemas respiratórios agravaram-se e tive de retomar. Nesta segunda gravidez devo manter", recorda Joana Marques, que está grávida de 13 semanas. A empresária de Torres Vedras afirma que a medicação diária é menos prejudicial para a gravidez do que aquela que tem de tomar em caso de SOS.

"Não sou imune à toxoplasmose e desconhecia o que isso era. Por isso, tive de me informar muito bem sobre aquilo que podia fazer e comer", explica a jovem de 25 anos.

Exposição ao sol é permitida

Não existe qualquer contraindicação para a exposição ao sol durante a gravidez. Neste período podem aparecer manchas escuras na cara e ainda pigmentação da linha média acima e abaixo do umbigo, dos órgãos genitais e dos mamilos, devido às alterações hormonais. A grávida deve seguir os cuidados habituais com o uso de protetor solar e evitar a exposição solar entre as 11h00 e as 16h00.

Conselho da semana

As alterações no sono são frequentes nas grávidas, como acordar muitas vezes durante a noite, sonhos agitados e insónias. As queixas podem melhorar se mantiver uma hora fixa para ir para a cama e para acordar. Durante o dia, durma, no máximo, uma hora após o almoço, e coma pouco ao jantar.

DISCURSO DIRETO

Diogo Ayres Campos

Obstetra, Hospital de Santa Maria, Lisboa

CM - Que cuidados é que as grávidas devem ter durante o verão?

Diogo Ayres Campos - O cuidado essencial tem que ver com o aumento da desidratação devido ao calor. É preciso uma hidratação constante e não aumentar demasiado a temperatura do corpo.

- Que conselhos dá quanto ao exercício físico?

- É preciso controlar a frequência cardíaca. Enquanto praticam desporto, as grávidas devem ter a certeza de que conseguem continuar a falar sem que sintam falta de ar.

- Que exercícios são desaconselhados?

- Todos aqueles que podem provocar um traumatismo, como equitação e artes marciais.

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