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Intensidade ou duração: Como se mede a amizade?

Vários estudos tentam responder ao mistério das amizades humanas.

26 de setembro de 2022 às 12:52

Nos últimos anos, a ciência tem-se dedicado em encontrar números relacionados com a amizade, nomeadamente medir a intensidade, duração, e encontrar uma explicação para, ao longo da vida, as amizades diminuírem. Costuma-se dizer que os amigos se contam pelos dedos das mãos. Será esta afirmação verdadeira?

De acordo com os dados do estudo realizado pelo psicólogo e antropólogo da Universidade de Oxford, Robin Dunbar, são 150 o número de relações, estáveis e significativas, que o ser humano consegue ter em simultâneo, sendo que neste número está incluída a família e os amigos. Segundo as investigações desenvolvidas por Dunbar, os indivíduos que têm uma família numerosa têm menos amigos, uma vez que tendem a dar primazia aos familiares.

Contudo, as 150 conexões não passam de uma mera aproximação, uma vez que as conexões interpessoais podem oscilar entre 100 e 250. São 1500 os nomes que podem soar familiares aos indivíduos e são, no máximo, 5000 os rostos que podem ser reconhecidos.

A teoria de Dunbar tem vindo a ser questionada, nomeadamente pelo professor da Universidade de Estocolmo, Johan Lind, que defende que não existe um número limite de relações que os seres humanos podem ter. Um estudo realizado em 2006 estipula que são essenciais 6 ou mais amigos para que a vida seja ligeiramente melhor. Uma outra investigação, desenvolvida em 2020, garante que as mulheres de meia-idade só precisam de, pelo menos, 3 amigos para aumentar os níveis de satisfação.

Os 7 pilares da amizade

Segundo o livro 'Friends: Understanding the power of our most important relationships', escrito por Dunbar, são 7 os pilares da amizade:

  1. Os amigos devem ser semelhantes entre si.
  2. Os amigos devem ter o mesmo sentido de humor, de forma a que possam rir juntos das mais variadas situações.
  3. Falarem o mesmo idioma ou dialeto.
  4. Crescer no mesmo local.
  5. Ter uma trajetória educacional parecida.
  6. Ter gostos musicais semelhantes.
  7. Terem a mesma perspetiva sobre questões morais, políticas e religiosas.
De acordo com os resultados obtidos no estudo 'Friendships files', a amizade precisa de 6 alicerces, nomeadamente: a acumulação de horas que os amigos passam juntos em lugares comum - como escola, igreja, trabalho - a capacidade de tomar iniciativa, estar atento e não deixar escapar quem poderá vir a converter-se num potencial amigo, realizar regularmente atividades em conjunto - como praticar desporto e interagir através das redes sociais - ter imaginação para não restringir a amizade e, por último, ser flexível ao ponto de conseguir perdoar e ultrapassar determinadas situações.

O impacto das relações amorosas 

As amizades requerem esforço e dedicação e, segundo os cientistas, são 200 as horas necessárias para que um conhecido se converta num amigo. Adicionalmente, e de acordo com a professora da universidade de Brigham Young, Julianne Holt-Lunstad, a solidão tem um impacto na saúde equivalente ao consumo de 15 cigarros diários.

São 40 as razões encontradas para justificar o porquê de ser difícil fazer novos amigos na idade adulta, sendo que estas razões inserem-se essencialmente em três grupos: introversão, falta de tempo e desconfiança - sendo que as mulheres tendem a ser mais desconfiadas na hora de fazer novas amizades. Por estes motivos, torna-se mais fácil recuperar relações passadas do que fazer novas.

Com o passar dos anos, os círculos de amigos diminuem e as relações mais pontuais e fracas acabam por desaparecer. Na fase final da vida, os conhecidos começam a assumir cada vez mais um papel importante, pois são eles que permitem reduzir a intensidade das relações mais próximas. Passam a ser os meros conhecidos a fazerem rir, informam sobre situações do dia-a-dia e "transportam para outro mundo".

Amizades online

Perder e ganhar amigos são duas realidades que estão estritamente dependentes das circunstâncias da vida. Dunbar acredita que o número de amigos se estabiliza aos 30 anos, sendo que este número diminui com o nascimento dos filhos que, segundo o psicólogo, são os 'killers' (assassinos) da vida social.

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