Novos fármacos estão a ser desenvolvidos, mas não é certo que estejam já no mercado português em 2026. Especialista indica que além da perda de peso, serão importantes para reduzir as doenças associadas à patologia.
Mais de 16 medicamentos para tratar a obesidade estão a ser desenvolvidos atualmente, mas não é certo que entrem no mercado em Portugal já no próximo ano. Paula Freitas, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, explica ao CM que estes medicamentos “não servem para perder uns quilinhos”, mas para tratar uma doença “que mata as pessoas”.
A obesidade é reconhecida como uma doença crónica grave que está associada a mais de duzentas outras patologias e a 13 tipos de cancro, afetando diretamente a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. Em Portugal, cerca de 60% da população vive com obesidade ou pré-obesidade, de acordo com a especialista.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou pela primeira vez alargar a utilização de uma classe de medicamentos usados para a diabetes e perda de peso para tratar a obesidade. No entanto, apesar de vários fármacos estarem em desenvolvimento, Paula Freitas deixa claro que não significa que estejam “para aparecer já”.
“Estes fármacos não servem apenas para perder peso. Na verdade, o mais importante é reduzir as doenças associadas à obesidade, fazer com que elas não se instalem, que as pessoas vivam mais, porque quem tiver obesidade, classe 3, tem uma probabilidade de 50% de chegar aos 70 anos”, afirma Paula Freitas.
Apesar de ainda distantes na prática clínica, estes novos medicamentos “têm mostrado resultados promissores em investigação”, demonstrando melhorias que vão além da perda de peso: redução de massa gorda e aumento da massa magra, num dos casos; benefícios cardiovasculares; e menos doença renal e hepática.
Os efeitos secundários até agora identificados são maioritariamente transitórios e de natureza gastrointestinal, como náuseas, vómitos, diarreia e obstipação. Paula Freitas refere que “os benefícios são muito superiores aos eventuais efeitos que, a longo prazo, podem surgir”.
A questão da duração do tratamento também se coloca, já que a obesidade é uma doença crónica e por isso é possível que seja necessário tomar medicação durante toda a vida. No entanto, a profissional explica que é algo que depende de cada caso e que alguns doentes podem suspender a medicação sem ter uma recaída, enquanto outros podem necessitar de manter uma dose mínima. São ainda necessários mais estudos para determinar a melhor abordagem a longo prazo, visto que alguns ensaios estão justamente a avaliar se é mais eficaz parar totalmente, reduzir ou manter a dose após o primeiro ano de tratamento.
O acompanhamento das pessoas com obesidade deve sempre envolver uma equipa multidisciplinar composta por endocrinologistas, cirurgiões, psicólogos, nutricionistas, pneumologistas, gastroenterologistas e fisiologistas do exercício, porque, como frisa Paula Freitas, “a obesidade é uma doença complexa, heterogénea, com múltiplas causas e consequências”, e exige uma abordagem que trate tanto a condição como as doenças associadas.
A cirurgia bariátrica também não exclui a necessidade de tratamento farmacológico e muitos doentes beneficiam de ambas as abordagens, antes ou depois da intervenção cirúrgica, principalmente nos casos de obesidade grave.
Quanto à comparticipação dos medicamentos, ainda não existe qualquer previsão (a ministra da Saúde anunciou na semana passada que o Infarmed está a analisar essa possibilidade), embora seja consensual que seria desejável. Para a presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, numa altura em que o país enfrenta um dos mais elevados índices de obesidade da Europa e precisa urgentemente de garantir acesso aos tratamentos mais eficazes, “a esperança é a última a morrer”.
A especialista frisa que a investigação no campo dos fármacos para a obesidade vive um momento de extraordinária expansão e inovação, com muitas moléculas em estudo e algumas com resultados muito promissores, mas é essencial manter expectativas realistas, pois “múltiplos laboratórios têm vários fármacos em diferentes fases de investigação, mas não vão sair para o ano”. Não existe ainda, contudo, qualquer previsão concreta para a sua chegada ao mercado, apesar do enorme potencial que representam para transformar o tratamento desta doença crónica e “devolver qualidade e anos de vida às pessoas afetadas”.
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