Participantes lembraram que a "pandemia não chegou ao fim" e que as coletividades não podem seguir "os maus exemplos".
Várias associações participantes nas marchas populares de Lisboa defenderam esta terça-feira a não realização de arraiais durante os Santos Populares, lembrando que a "pandemia não chegou ao fim" e que as coletividades não podem seguir "os maus exemplos".
"Independentemente do que aconteceu no Porto, que nós [...] achamos que a situação saiu fora do controlo, aqui em Lisboa ainda não existem condições para fazermos arraiais populares na forma como nós conhecemos", salientou o presidente do Ginásio Alto do Pina, Pedro Jesus.
Em declarações à agência Lusa esta terça-feira, Pedro Jesus explicou que não existem quaisquer condições para se celebrar os Santos Populares na rua, mas adiantou que poderão ser realizados "pequenos retiros populares" nas coletividades, com controlo das regras sanitárias.
"Nós entendemos que a pandemia ainda não chegou ao fim e que temos de tomar as medidas necessárias com o que tem sido feito. [...] O Alto do Pina não fará nada, porque não existem condições para o fazer", indicou.
Também o coordenador da Marcha da Bica, Pedro Duarte, disse que, neste momento, não é possível festejar os Santos Populares, como em anos anteriores, reforçando que o "essencial é o bem-estar das pessoas".
"Seria muito complicado conseguir controlar as pessoas. As pessoas estão sedentas de festa, estão sedentas de se divertir e, como se costuma dizer -- não querendo ferir suscetibilidades --, dói-nos mais a nós, organizadores e pessoas que vivem isto o ano inteiro, do que aos outros", referiu.
Em consonância com a Junta de Freguesia da Misericórdia, Pedro Duarte reiterou que a realização de festas, durante o mês de junho, "está fora de hipótese".
"Em 2019 tínhamos 20 arraiais oficiais da Câmara Municipal de Lisboa em parceria com a EGEAC [Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural]. Todas essas entidades, todas essas coletividades e associações estão a passar um muito mau bocado - muito mau mesmo - a nível financeiro. Muitas delas já fecharam, outras praticantes não têm dinheiro para as despesas correntes, [...] organizar um arraial é muito difícil", explanou.
Demonstrando alguma revolta com assunto, o coordenador da Marcha de Alfama contou que, com as restrições impostas pelo Governo no combate à covid-19, não é possível "dizer" às pessoas para irem para rua.
"Temos a noção do que estamos a falar ou será que os maus exemplos servem agora para nós também podermos seguir a mesma senda? Eu acho que é ao contrário. Tudo aquilo que tem acontecido de mal deve ser para nós momentos de ponderação e de podermos fazer rigorosamente o contrário, demonstrar que o caminho não é aquele", defendeu João Ramos.
De acordo com o responsável, os Santos Populares têm "uma ideia de partilha e de convívio" que não é possível pôr em prática em contexto pandémico.
"[...] Porque os ingleses fizeram e então nós também fazemos? Mas, os ingleses [aglomerações de adeptos de futebol no Porto] fizeram aquilo que não devia ser feito, portanto, esse exemplo não deve ser o mote para ser seguido, bem pelo contrário", alertou.
A mesma opinião tem o diretor-geral da Sociedade Voz do Operário, Vítor Agostinho, que adiantou que se coaduna com a posição hoje revelada pela Câmara Municipal de Lisboa, de não permitir a realização de arraiais.
"Compagina-se com a não realização de arraiais [...], essa é a nossa opinião", disse dirigente da sociedade de instrução e beneficência.
Mesmo sem arraiais, Vítor Agostinho adiantou que a Voz do Operário irá realizar, como ocorreu em 2020, jantares organizados através de marcação nas suas instalações, podendo aceitar cerca de 100 pessoas.
"Concordamos que os arraiais, que normalmente aqui promovemos, não vão acontecer, então chamamos a isso 'Retiro do Cantinho de Lisboa'", observou, alertando que "as pessoas vão entrar com marcações prévias e, quando o número do espaço estiver preenchido, não entrará" mais ninguém.
Na manhã de hoje, o presidente Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), anunciou que não vai autorizar este ano a realização de arraiais populares devido à pandemia de covid-19, apelando para que os cidadãos compreendam a situação e evitem aglomerações.
"Infelizmente, este ano não vamos poder ter arraiais, não vamos poder ter as comemorações do Santo António com arraiais, dada a situação que vivemos", disse o autarca, acrescentando: "É a decisão sensata, é a decisão avisada nesta fase da pandemia em que são precisos ainda cuidados, são precisos alertas".
Em declarações à agência Lusa, Fernando Medina indicou que, tal como no ano passado, os arraiais "não vão ser licenciadas nem pela Câmara nem por Juntas de Freguesia e, por isso, a fiscalização cabe às autoridades, quer à Polícia Municipal, quer à Polícia de Segurança Pública (PSP)".
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