A edição de hoje
Odília Pereirinha já esteve com o filho numa emocionante visita no hospital em Nova Iorque. O seu ex-marido ainda não conseguiu rever o jovem
A família de RenatoSeabra, desavinda há 17 anos, quando os pais do manequim se divorciaram, está agora reunida em NovaIorque para dar o máximoapoio ao jovem que confessou ter morto CarlosCastro, num quadro de extremaviolência de conotação homossexual.
A mãe, OdíliaPereirinha, que chegou segunda-feira aos Estados Unidos, conseguiu ontem "estar com o filho", confirmou ao CM a advogada da família, PaulaFernandes, escusando-se a adiantar pormenores sobre o encontro. A visita decorreu no Hospital de Bellevue, onde Renato Seabra está internado até ser presente a um juiz, e revestiu-se de grandeemoção. O jovem, hoje com 21 anos, sempre dependeu apenas da mãe, que se divorciou quando ele tinha quatro anos.
O pai do autor confesso do homicídio, Joaquim Seabra, um enfermeiro que vive em Vila Real de Santo António, também se encontra nos Estados Unidos desde ontem, mas ainda não terá tido qualquer contacto com o filho, que já recebeu outras visitas.
"O divórcio foi aos quatro anos do Renato. Desde então ele não manteve uma relação muito afectiva com o filho. Agora, acho que faz bem ir ao encontro dele. Acho bom o contacto entre ambos", disse ontem aos jornalistas José Malta, cunhado do manequim e porta-voz da família em Portugal.
A relação entre o pai e o filho foi-se distanciando à medida que Renato Seabra cresceu, sobretudo nos últimos anos e depois de ele entrar no mundo da moda. Antes seria habitual passarem as férias de Verão juntos. No entanto, Joaquim Seabra já demonstrou estar muito abaladopsicologicamente com a tragédia que envolve a família. Agora, em Nova Iorque, os pais, apesar de ainda não terem estado juntos, estão empenhados na defesa do filho. Este já "tem um advogado que está a preparardefesa e a tomar as diligências necessárias", adiantou a advogada Paula Fernandes.
HOMENAGEM EM LISBOA
Os amigos e familiares mais próximos de CarlosCastro estão a preparar uma homenagem ao cronista, em Lisboa. Sábado, pelas 19 horas terá lugar uma missadesétimodia na Basílica da Estrela. Isabel Figueira, Vicky Fernandes, entre outros amigos, não faltarão.
Alexandra Lencastre, uma das suas grandes confidentes, não poderá, no entanto, marcar presença nesta missa, dado que parte no dia antes para Andorra, onde passará alguns dias na neve com as suas duas filhas, a convite de uma marca de carros.
A CARTA DE DESPEDIDA
Numa carta escrita a 7 de Fevereiro de 2010, para que fosse lida depois da sua morte, Carlos Castro fez fiel depositário de um espólio de 10 mil slides (de lugares e pessoas que conheceu) ao amigo Miguel Villa.
No texto, o cronista lembra que deu a mão a muitos "sem receber nada em troca", mostra o seu desânimo por um País "que nunca soube conviveraceitar e tolerar", diz-se de consciênciatranquila e despede-se eternamente daqueles que lhe deviam ter dito "obrigado".
"RENATO ERA AMBICIOSO"
Nascidos e criados em Cantanhede, Renato Seabra e TiagoJacob tornaram-se inseparáveis. Andaram juntos no infantário, de onde seguiram para a primária e dali para o liceu e a universidade. Tiago, que está há alguns meses na Polóniaestudar ao abrigo do projecto Erasmus, esteve com o amigo nas férias de Natal, em Portugal. Descreve Renato como "muito inteligente e bom aluno" e um rapaz que "namoriscava bastante".
Para Tiago a aproximação a Carlos Castro só tem uma explicação: "O Renato era ambicioso e tinha sempre objectivos, como qualquer jovem." O amigo garante que o homicida confesso do cronista "não era homossexualadoravaraparigas bonitas e menos bonitas, desde que fossem boas pessoas". Tiago Jacob conta mesmo que lhe conheceu "várias amigas coloridas".
A hipótese de Renato se ter sujeitado a uma relaçãohomossexual com Carlos Castro é completamente descartada por Tiago. "Ninguém faz isso. O Renato nunca teve um pai presente e essa razão serviu também de desculpa, a ele próprio, para se deixar ajudar por Carlos Castro na moda."
Mesmo sendo amigo de infância Tiago não encontra explicação para o crime cometido por Renato. "Todos os dia me questiono."
"A GATA ESTÁ DEPRIMIDA"
Até a gata que tinha sido oferecida por um amigo a Carlos Castro, há um ano, está a sentir a falta do cronista social. ‘Romy', como era carinhosamente tratada pelo dono, está agora ao cuidado de amigos e, segundo revela Eládio Clímaco, tem tido comportamentosestranhos
"A gata está deprimida, a sentir a falta do Carlos. Desde que ele partiu que se enfiou debaixo da cama e ninguém consegue agarrá-la", lamenta o apresentador.
LOCAL DO CRIME
A vida continua no InterContinentalHotel, onde Renato Seabra assumiu ter assassinado, na passada sexta-feira, o cronista Carlos Castro. Mudam os hóspedes, mudam as conversas, como constatou a reportagem do CM na visita ao local do crime.
Mesmo os funcionários da recém-inaugurada unidade hoteleira, situada na TimesSquare, o coração de NovaIorque, estão refeitos do trauma do último fim-de-semana, quando o corpo de Carlos Castro foi encontrado numa poça de sangue, estendido no chão do quarto 3416. A vida ali não pára.
"Não pode parar", reforça ao CM um funcionário. O próprio piso 34, interdito pela polícia nova-iorquina após o crime, foi reaberto. Só aquele quarto que acolheu Carlos e Renato, o 3416, se mantém fechado
NOTAS
CURSO POR ACABAR
O homicida confesso de Carlos Castro estava prestes a acabar o curso de Educação Física, em Coimbra. Faltava-lhe apenas uma cadeira para ter a licenciatura.
PRISÃO: 14 MIL RECLUSOS
Depois de sair do hospital, Renato será encaminhado para uma prisão nova-iorquina de alta segurança. Conta com 14 mil reclusos. A segurança está a cargo de mil guardas
FAMA: 'SALVE-SE QUEM PUDER'
Renato Seabra estava apostado em ser famoso. Participou com outros dois amigos, que ele próprio inscreveu, no programa da SIC ‘Salve-se Quem Puder'
MIRA: SEGUNDA CASA
O modelo costumava passar as férias de Verão na segunda casa da família na praia de Mira. Aos fins-de-semana, era habitual juntar-se com os amigos naquela localidade.
VIAGEM DE FINALISTAS
Antes de conhecer Carlos Castro, a única saída de Portugal foi a Lloret del Mar, na viagem de finalistas do liceu. Ao lado do cronista, Renato foi a MadridLondres e NovaIorque
Fotogaleria: Tragédia junta família
Vídeo: Renato confessa crime
População de Cantanhede incrédula
Vídeo: Reacção da imprensa à morte de Carlos Castro
Vídeo: Carlos Castro 1945-2011
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