‘Mágico’ assume em entrevista ao CM que problemas no Sporting pesaram na decisão de optar pelo Inter Movistar.
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Ricardinho vai continuar a jogar em Espanha. Em entrevista ao CM, o melhor jogador de Futsal do mundo explica os motivos.
"Proposta do Sporting era cinco vezes o meu salário", diz Ricardinho
Familiares do jogador receberam ameaças de morte quando este assumiu que tinha recebido proposta dos leões. Aos 32 anos, Ricardinho quer conquistar Mundial por Portugal antes de terminar a carreira
Correio Sport - O ano 2018 está a ser inesquecível...
Ricardinho - Está a ser um ano fantástico! Podia ter sido melhor porque não ganhámos todos os títulos. Mas se me dissessem que para o ano ia ser igual, assinava já por baixo. Podíamos ter conquistado a Copa de Espanha, que era muito importante, foi a primeira grande competição que se organizou em Madrid. Ganhar o Campeonato da Europa foi tocar o céu, conquistar a Champions foi fazer história, ganhar o quinto título em 5 anos em Espanha, a melhor liga do Mundo. Sou um português orgulhoso por estar ali a representar o País. Valorizamos mas vamos valorizar de verdade quando arrumarmos as botas e estivermos no sofá a ver os vídeos e a lembrar como foi 2018.
Há uns anos, quando era um menino em Valbom, alguma vez imaginou chegar onde chegou?
Nem nos meus melhores sonhos. Os meus primeiros sonhos eram com o futebol. Há uns anos qualquer menino sonhava jogar futebol. Hoje em dia já não precisam apanhar uma desilusão como eu para irem para o futsal. Nunca imaginei que pudesse chegar a um patamar assim tão elevado, tenho-me superado ano após ano, tenho tido a sorte de ter tido companheiros incríveis, treinadores brutais e gente que me quer, em Portugal, Japão, Rússia, Espanha. Todas as aventuras e experiências foram boas para mim, cresci muito como homem. Errei, aprendi, voltei a errar, aprendi. O mais importante é que no final de tudo o lado positivo pese mais.
Recentemente falou-se muito da proposta milionária que recebeu do Sporting. O que o levou a rejeitá-la?
Depois da UEFA Futsal Cup o presidente honorário foi abordado pelo diretor do Sporting, no dia seguinte o meu antigo agente falou comigo, mas eu disse que não queria especulações. Abordaram o Inter Movistar, que não quis negociar, então avançaram com a cláusula. Foi uma proposta incrível! Fez-me balançar. Tenho filhos, família. Estamos a falar de muito dinheiro, quase cinco vezes mais do que o meu salário. Adoro o meu trabalho, estar no Inter, ganhar pelo Inter. Mas quando és profissional... Estando fora estou em qualquer lugar. O Sporting tem uma estrutura fantástica no futsal, tem demonstrado que quer ser uma potência na Europa, como já é em Portugal. Toda a gente sabe o carinho que tenho pelo Benfica e o meu desejo é regressar ao Benfica. Mas se o Benfica não avança... O Sporting avançou, mostrou interesse e eu tenho de ouvir. Ouvi, balancei, falei com o presidente, a minha família. Houve ameaças de morte à minha família, mas não são os adeptos do desporto que o fazem, são doentes. Mas também recebi mensagens de apoio. Foi muito bom para o futsal.
Mas porquê tanto tempo para decidir?
Porque não é uma decisão fácil. Se estás num clube a ganhar pouco e vem um clube grande que conquista títulos e chega com muito dinheiro, é fácil decidir. mas se estás num clube que voltas a ajudar a colocar na elite do futsal, com três finais seguidas na Champions, duas vitórias, cinco vezes campeão quando não ganhava havia cinco anos, três copas de Espanha, cinco vezes eleito melhor jogador do Mundo. Temos de colocar tudo em causa. É muito dinheiro, mas estamos a falar de um projeto que sinto que ainda não terminou. Eu não rejeitei o Sporting, eu aceitei ficar no Inter Movistar.
Instabilidade que se viveu no Sporting, sobretudo relacionada com o futebol, também pesou na decisão?
Também ajudou obviamente. Quando falei com o Miguel Albuquerque [n.d.r. diretor do futsal do Sporting] falei nessa situação. Queria ver como ficava a situação, pedi um tempo. Já era duro se fosse para o Sporting, sei como seriam as coisas entre rivais. Se assinasse com uma situação assim tão instável, obviamente que iria ficar numa situação ainda pior. Pensei em todas as coisas, não pensei com o coração, porque aí ia para o Benfica. Apesar do respeito que tenho pelo Sporting, já lhes faltei ao respeito e pedi desculpa. Mandei mensagem a agradecer, não estou a rejeitar o Sporting. Agradeço muito o respeito que estão a ter por mim e pelo meu trabalho. Decidi ficar no Inter, mas o que hoje é sim, amanhã é não. Veja-se o caso do Neymar, que disse que ficava mas não fica. O meu desejo é acabar a carreira em Portugal, mas antes também queria ser treinador de futsal e agora já não quero.
Como vê o seu futuro no futsal?
Gostava de ser embaixador do futsal, representar esta modalidade no maior número de países possível. Levar a modalidade a todo o lado, casos de França, Alemanha, que são países em que o futsal está a crescer mas falta um pequeno empurrão. O Falcão é embaixador da FIFA, mas vejo pouco trabalho. Espero que a UEFA ou a FIFA proponham uma coisa assim, estaria encantado a ajudar a modalidade. Mas não me tirem ainda o futsal, quero ganhar muitos títulos. Estou feliz com o futsal.
Para completar este ano, tem ainda a publicação do seu segundo livro, que é uma obra pouco comum num atleta, não sendo biográfica.
O meu primeiro livro foi uma biografia, foi lançado numa altura em que o futsal ainda não tinha tido este ‘boom’. Explicava como cheguei à modalidade. Não queria que tivessem pena de mim, queria que olhassem para mim como um exemplo. ‘Ele sofreu mas chegou lá.’ Com este quisemos passar outra mensagem, que conheçam a força, dedicação e trabalho que tenho por trás. As pessoas pensam que é talento, mas há muito mais por trás. Há treino, descanso, comida, trabalho de recuperação. As pessoas pensam que profissionalismo é só futebol, quando trabalhamos muitas mais horas no futsal. Não queremos ser comparados ao futebol, queremos caminhar juntos. O Sergio Ramos é meu amigo e pergunta-me muitas coisas sobre o futsal. Todos podemos chegar ao topo. Nem todos vão ser top dos tops, mas os demais também jogam.
Sente que tem alguma culpa por haver mais meninos que querem jogar futsal, ao invés de futebol?
Acho que sim e sinto-me muito honrado e orgulhoso por isso. É um grande motivo de orgulho fazer parte desta história de ajudar o futsal a crescer. Depois de lançar o livro estive duas horas e meia com crianças a pedirem-me conselhos. Sinto-me um pouco responsável de cada vez haver mais crianças a optar pelo futsal. Espero que esta modalidade cresça. Sei que não vou desfrutar dela como já merecíamos, por exemplo já se sabe onde vai ser o próximo Mundial de futebol, e o de futsal, que se disputa em 2020, ainda não se sabe. Acho que é uma falta de respeito para nós!
"A maior exigência era fazer uma coisa boa no Mundial"
O que é que falta conquistar?
Ricardinho - Falta repetir tudo. Tenho muitos desafios e exigências comigo mesmo. A minha maior exigência era conseguir fazer uma coisa muito boa com a nossa Seleção no Mundial. Se tocámos o céu com a conquista do Campeonato da Europa, gostava de tocar qualquer coisa lá mais acima a ganhar o Campeonato do Mundo. Era o culminar de uma carreira desportiva fantástica.
PERFIL
Nascido em Gondomar, a 3 de setembro de 1985, Ricardinho tornou-se a estrela maior do futsal mundial, destronando o seu ídolo Falcão. Atualmente a jogar no Inter Movistar, o ala, conhecido por ‘Mágico’, soma títulos coletivos e individuais, A cereja no topo do bolo foi a conquista do Campeonato da Europa, ao serviço da Seleção Nacional. Neste defeso protagonizou a notícia mais quente do futsal, ao receber uma proposta milionária do Sporting, em que assume que iria ganhar cinco vezes mais do que agora. Acabou por optar ficar no Inter. Juntamente com o companheiro de equipa Carlos Ortiz leva o futsal até aos mais jovens, tendo ações agendadas em julho no Japão.
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