Investigação analisou 70 dos 117 bancos supervisionados pelo Banco Central Europeu e dados de 2013 a 2017.
Um estudo conduzido por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) concluiu que a forma como decorre o gerenciamento de resultados nos bancos, sejam lucros ou prejuízos, pode afetar negativamente a eficiência bancária.
O estudo, que analisou 70 dos 117 bancos supervisionados pelo Banco Central Europeu (BCE) e dados de 2013 a 2017, concluiu que "a forma como decorre o gerenciamento de resultados (lucros ou prejuízos) utilizando as perdas com empréstimos, que decorrem dos juízos de valor dos administradores dos bancos, pode afetar negativamente a eficiência bancária", afirmou a UC, numa nota de imprensa enviada à agência Lusa.
A investigação aponta também para a importância da divulgação desta informação, por parte das entidades bancárias, nos seus relatórios e contas anuais, bem como a realização de auditorias internas e externas ao risco de crédito.
A equipa de três investigadores do Centro de Investigação em Economia e Gestão (CeBER) e docentes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) conduziram esta análise, pretendendo aprofundar o efeito do gerenciamento de resultados na eficiência bancária.
A equipa referiu que a gestão de resultados nos bancos mede-se através de imparidades de crédito discricionárias, que são definidas por decisão dos administradores, e de imparidades de crédito não discricionárias, que resultam da legislação ou regulamentação em vigor.
O estudo verificou que níveis moderados ou elevados de imparidades discricionárias revelaram estar relacionados com três fatores: a "existência de carteiras de empréstimo de baixa qualidade nos bancos analisados faz aumentar os custos de monitorização e execução dos empréstimos, o que influencia negativamente a sua eficiência", a "constituição de imparidades de forma não regulatória afeta negativamente a confiança no setor bancário e, em consequência, a sua eficiência", e ainda os "conselhos de administração dos bancos parecem não praticar a devida monitorização e controlos adequados ao risco de crédito".
Quando o nível destas perdas com empréstimos é reduzido, a eficiência bancária é positiva, "o que pode significar que os administradores decidem não gastar recursos suficientes na análise de risco de crédito [...] o que eleva, de imediato, o grau de eficiência", referem os investigadores.
Os autores do estudo explicam que "um banco é eficiente quando maximiza os seus resultados (outputs) utilizando recursos (inputs) que são limitados".
Na análise considerou-se como resultados o total de empréstimos, ativos líquidos e outros ativos que geram rendimentos, e como recursos considerou-se juros, gastos com pessoal e gastos operacionais.
O gerenciamento de resultados bancários relacionado com as imparidades de créditos discricionárias torna-se particularmente relevante em períodos de crise, já "que podem conduzir a práticas menos transparentes de gestão de resultados com o intuito de atenuar os resultados pouco satisfatórios ou suavizar resultados elevados (a constituição de mais imparidades além das regulamentares é um custo para o banco, que faz diminuir os seus resultados), o que compromete a alocação eficiente de recursos na Economia".
De acordo com esta instituição de ensino superior, o estudo incluiu dados de dois bancos portugueses.
Os docentes da Faculdade de Economia da UC frisam que "num novo período de crise, como o que atualmente se vive, acentua-se a importância da regulamentação e supervisão do setor bancário, por parte do regulador, do supervisor e também da sociedade civil".
A investigação afirma outros elementos que devem ser considerados futuramente numa análise da eficiência bancária como "o grau de conexões políticas dos membros dos conselhos de administração bancários", destacou a equipa.
O artigo científico "The effect of earnings management on bank efficiency: Evidence from ECB-supervised banks" está disponível em https://doi.org/10.1016/j.frl.2022.103450.
LYFR // SSS
Lusa/Fim
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