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Ataque a civis em Kiev causa dois mortos e três feridos graves

Moradores de prédio atingido deixam tudo para trás.

15 de março de 2022 às 01:30

Tatiana Kravchuk guardou horas, na rua, os poucos haveres que conseguiu salvar em quatro sacos da sua casa da Rua Bohatyrska, no Bairro de Obolon, arredores de Kiev. “Estava acordada quando a bomba explodiu. O meu marido olhou pela janela já sem vidros e a terceira entrada estava a arder”, conta ao CM. Tatiana e os familiares tiveram sorte. O primeiro míssil russo a atingir um alvo civil na capital da Ucrânia causou esta segunda-feira dois mortos e três feridos graves. Cerca de 20 pessoas receberam assistência médica no local do impacto.

Pouco passava das cinco da manhã quando o bloco de apartamentos de nove andares estremeceu violentamente. Nas imediações, todos os vidros partiram. Pesadas chapas voaram para o recreio de uma escola vizinha. Pelo menos quatro carros ficaram transformados numa amálgama de chapa. Os vários focos de incêndio foram rapidamente controlados pelos bombeiros, mas já pouco havia a fazer pela maior parte dos apartamentos. Vidros e mais vidros espalharam-se por todo o lado. Pesadas janelas metálicas voaram em várias direções.

Dentro das casas ficaram os restos de quem saiu a correr e dos outros que nunca mais poderão voltar. Na cama de um quarto de criança, uma inocente metralhadora de plástico repousava em paz ao lado de uma guitarra silenciada. Noutra, a força da explosão destruiu quase tudo menos o televisor e o piano negro, encostado a um canto da sala. Tatiana hesita com razão: “Sabe, vivemos... vivíamos no 7º andar. Não sei se vamos voltar.”

O presidente da Câmara Municipal de Kiev, Vladimir Klitschko, visitou o lugar da explosão durante a manhã e olhou incrédulo para as marcas de violência. “Estou sem palavras, as imagens dizem mais que as palavras”, disse o antigo campeão mundial de pugilismo e agora popular autarca. “O míssil foi direto à entrada [do prédio], se tivesse sido mais para a esquerda ou mais para a direita haveria seguramente mais pessoas mortas”, disse Klitschko aos jornalistas na conferência de imprensa improvisada.

Negociações "difíceis" são retomadas esta terça-feira

As negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia vão ser retomadas esta terça-feira após uma breve "pausa técnica" para consultas anunciada esta segunda-feira à tarde, depois de várias horas de reunião por videoconferência não terem produzido qualquer resultado prático. O líder da delegação ucraniana, Mykhailo Podolyak, admitiu que as negociações estão a ser "difíceis" devido aos "diferentes sistemas políticos" dos dois países e lamentou que a Rússia "insista na ilusão de que 19 dias de violência contra cidades pacíficas seja a estratégia correta".

Ataque na fronteira veio da Rússia

O ataque contra a Base Militar de Yavoriv, junto à fronteira polaca, envolveu mísseis de cruzeiro disparados a partir do espaço aéreo russo por bombardeiros de longo alcance, dizem os EUA.

Chernobyl outra vez sem eletricidade

O abastecimento elétrico à Central Nuclear de Chernobyl voltou esta segunda-feira a ser cortado devido ao derrube de uma linha de alta tensão. Central está a ser abastecida por geradores a diesel.

China nega ajuda à Rússia

A China negou esta segunda-feira estar a enviar ajuda militar ou económica à Rússia, afirmando que as acusações norte-americanas nesse sentido não passam de "desinformação".

O desmentido chinês surge depois de o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, ter avisado publicamente Pequim de que enfrentaria "consequências" por ajudar Moscovo. "Informámos a China, de forma direta e privada, de que haverá sérias consequências por ajudar a Rússia a contornar as sanções", disse Sullivan, que esta segunda-feira se reuniu em Roma com o chefe da diplomacia chinesa, Yang Jeichi, para dar conta das preocupações norte-americanas. Sullivan disse ainda que os EUA têm informações de que a Rússia terá pedido ajuda militar à China, nomeadamente, através do fornecimento de drones e munições. "São notícias falsas", disse um porta-voz do MNE chinês. A Rússia também nega, garantindo que tem "capacidade militar suficiente" para alcançar os seus objetivos na Ucrânia.

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