Vaticano diz que morreu vítima de enfarte, mas antigo membro da máfia italiana garante que foi ele quem lhe pôs termo à vida.
Vaticano diz que morreu vítima de enfarte, mas antigo membro da máfia italiana garante que foi ele quem lhe pôs termo à vida.
Foi breve a passagem de Albino Luciani, o ‘Papa do Sorriso’, pela cadeira de Pedro. Durou 33 dias e algumas horas. Está na lista dos dez pontificados mais curtos da história. Na versão oficial do Vaticano, foi encontrado morto por um dos seus secretários, o padre Diego, pelas 05h30, de 29 de setembro de 1978. Diz-se que estranhou o facto de não o ver na capela, como era costume àquela hora, e foi procurá-lo no quarto, onde o viu deitado na cama, já sem sinais de vida. Soube-se, mais tarde, que a história estava mal contada. Foi uma freira, de nome Vincenza, que todos os dias lhe levava uma xícara de café, a dar pelo sucedido. O padre estava a dormir. Mas o maior mistério, que permanece até aos nossos dias, é o que provocou a paragem cardíaca que conduziu à morte do Papa Luciano. O mafioso italiano Anthony Raimondi garante que João Paulo I morreu envenenado, com cianeto, e que ajudou em todo o no processo. Será?...
Chamar-me-ei João Paulo. Não tenho nem a ‘sabedoria de coração’ do Papa João, nem a preparaçãoe a cultura do Papa Paulo. Estou, porém, no lugar deles e devo procurar servir a Igreja
Foi desta forma que Albino Luciano se apresentou ao mundo, o primeiro Papa com dois nomes, um dia após ser eleito eleito, a 26 de Agosto de 1978. Uma surpresa para todos, a começar por ele próprio, como reconheceu: “Nunca poderia imaginar o que estava para acontecer”.
Um homem simples, que carregava consigo o lema Humilitas (Humildade). Natural de Canale d’Agordo, região italiana de Belluno, nasceu e cresceu no seio de uma família pobre, onde nem sempre havia o que por no prato. Mais do que o saber dos livros, ainda que formado em teologia sagrada na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, foi a escola da vida que lhe permitiu compreender as necessidades das pessoas, estar próximo delas, escutando-as, entendendo-as. Quem poderia querer-lhe mal? Quem poderia fazer-lhe mal? Nas mensagens, cartas apostólicas, discursos e homilias que escreveu não se vislumbram sinais de alerta, com uma exceção, no Angelus de 27 de agosto, onde revelou uma conversa na capela Sistina, por alturas da sua eleição.
“Dois colegas que estavam ao meu lado sussurraram-me palavras de coragem. Um disse: ‘Coragem! Se o Senhor dá um peso, concede também a ajuda para levá-lo’. E o outro colega: ‘Não tenha receio, em todo o mundo há tanta gente que ora pelo Papa novo’”, escreveu. Já antes, ainda cardeal, a irmã Lúcia deixara um aviso premonitório, numa visita que fez ao Carmelo de Coimbra. “Será Papa, mas o seu pontificado será muito breve”.
A morte repentina de João Paulo I, levou a todo o tipo de especulações, embora a mais consistente tenha como protagonista o Banco Ambrosiano, que tinha como principal acionista o Banco do Vaticano. Era dirigido por Roberto Calvi, o ‘banqueiro de Deus’, graças à influência do arcebispo norte-americano Paul Marcinkus, chefe do Instituto de Obras Religiosas.
Havia suspeitas - entre muitas outras, como o financiamento do ‘Solidariedade’, o partido polaco fundado por Lech Walesa -, de que a máfia italiana usaria o Ambrosiano para lavagem de dinheiro, num alegado esquema organizado com a ajuda de uma loja maçónica, a Propaganda Due (P2). A intenção de colocar um ponto final na relação entre Instituto de Obras Religiosas e o Ambrosiano, que João Paulo I terá manifestado aos seus secretários mais próximos, e a vontade de enfrentar a máfia e a P2, pode ser sido fatal para o ‘Papa do Sorriso’?
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O testemunho de Anthony Raimondi, antigo membro da máfia Colombo e sobrinho do padrinho Lucky Luciano, conduz a esse destino. Diz que ajudou a matar o Papa e que foi recrutado para a missão pelo arcebispo Marcinkus, que liderou o Banco do Vaticano por 18 anos.
“Fiquei do lado de fora dos aposentos do Papa quando o chá foi servido”, escreveu no seu livro. Um primo seu preparou uma dose de cianeto, “mediu no conta-gotas, colocou o conta-gotas na boca do Papa e apertou”. Pouco depois, descreve ainda Raimondi, um assistente do João Paulo I deu o alerta: o Papa está a morrer. Verdade ou mentira, nunca se saberá. Certo é que esta versão contraria a da irmã Vincenza, que terá sido a primeira pessoa a encontrar o Santo Padre sem vida. Conta que estava sentado, recostado na cabeceira da cama, entre duas almofadas, e de óculos. Nas mãos segurava as folhas de uma homilia.
Era uma espécie de trono portátil usado em cerimónias públicas para carregar o pontífice. A sedia gestatória era carregada por funcionários especialmente designados, chamados palafreneiros. Era adornada com detalhes luxuosos e simbolizava o prestígio e a autoridade do Papa. Foi João Paulo I que determinou o fim desta prática, referindo que um homem não deve ser transportado por homens.
O termo “papamóvel” começou a ser usado para descrever veículos adaptados especificamente para o Papa nas suas aparições públicas. O primeiro uso significativo de um veículo desse tipo foi durante o pontificado do Papa João Paulo II, em 1979, na sua primeira visita à Polónia. O veículo foi projetado para permitir que o Papa fosse visto pela multidão enquanto se deslocava.
Algo único na História da Igreja Católica: o papa Bento IX foi eleito papa em três ocasiões distintas. Ocupou o trono papal pela primeira vez em 1032, mas foi deposto em 1044. Voltou a assumir em 1045, mas abdicou pouco tempo depois. Finalmente, reassumiu o cargo em 1047, sendo definitivamente deposto em 1048. Foi acusado de corrupção e má conduta.
O primeiro Papa a viajar para fora da Itália foi o Paulo VI. Realizou a sua primeira viagem internacional em 1964, numa visita à Terra Santa. Essa viagem marcou um momento histórico, pois foi a primeira viagem apostólica internacional. Paulo VI foi também o primeiro papa a viajar de avião e a visitar todos os continentes durante seu pontificado.
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